quinta-feira, março 31, 2005
Bom fim de semana
quarta-feira, março 30, 2005
A ler repetidamente
Condução à portuguesa - 1
Nota: Este texto foi escrito já há alguns dias. Entretanto tenho notado maior cumprimento das regras, designadamente no que respeita a velocidade e uso de telemovel. Vamos ver se não foi apenas coincidência ou fenómeno temporário de reacção às novas regras.
Meus amigos, deixemo-nos de retórica: os portugueses conduzem como se comportam na vida.
Nisto, como em tudo, há clivagens: há gente civilizada e há os outros. Um povo que atira lixo para o chão como se de regra essencial se tratasse, que transforma qualquer refeição de fim de semana num restaurante num arraial de barulho, que vai às casas de banho públicas e não puxa o autoclismo, que põe a televisão e a música aos berros sem se incomodar com os vizinhos, que assassina o português de cada vez que fala, que nos hipermercados deixa os carros das compras de qualquer maneira sem se importar com os outros, querem que este povo sem civismo na sua vivência do dia a dia tenha civismo a conduzir? Estamos a brincar com a realidade.
Dir-me-ão que os espanhóis também falam alto, é verdade. Mas têm uma polícia que não lhes dá tréguas na estrada, multas elevadíssimas e pagas na hora. Que se colocam em locais onde é perigoso cometer infracções e não numa qualquer recta do Alentejo lá do sítio, onde passa um carro por hora, a medirem a velocidade, esquecendo aqueles cruzamentos onde não parar no Stop é realmente perigoso e onde há sinistralidade elevada.
Por isso, já que não é possível dar-lhes educação de repente, incutir-lhes civismo por intravenosa, nada como atemorizá-los com multas pesadas, sobretudo se a fiscalização for feita com inteligência (isto pode ser uma contradição nos termos, mas vá…).
Há situações na condução que nem o melhor e mais prudente condutor do mundo pode prevenir e evitar. Refiro-me ao rebentamento de um pneu, ao encontro inesperado com uma mancha de óleo numa curva, etc.
Certo é, também, que não existe um cuidado sistemático de quem superintende as vias no sentido de prevenir acidentes, criando as devidas medidas de alerta aos condutores.
Veja-se o exemplo das intervenções na via pública efectuadas por empreitada. Neste campo, já vi de tudo: desde um aviso escrito num cartão poisado no chão dizendo “Circule com percalção" (sic), sinais de aviso de obstáculo na via da esquerda e o obstáculo ser exactamente na via da direita, até trabalhadores que colocam o sinal de obras mesmo em cima deles em local sem visibilidade. E não devemos esquecer os célebres “sinais sonoros”: barris de alcatrão que, ocupando a via de marcha, se destinam a sinalizar um obstáculo, constituindo eles mesmos um obstáculo não sinalizado e ideal para em condução nocturna descobrirmos a sua existência de ouvido, ou seja, depois de batermos.
Mas os condutores, na sua generalidade, estão em consonância com as condições que têm.
A primeira coisa que eu disse à minha filha quando começou a conduzir foi: se vires um condutor a abrandar, mesmo sem pisca, é sinal que vai virar.
De facto os portugueses encaram o pisca como se tivessem de pagar a energia gasta à EDP, por isso poupam evitando usá-lo.
Eu não conheço ninguém (e conheço muita gente) que tenha tido um acidente grave por ter feito uma ultrapassagem sem visibilidade, ou por não ter parado num stop daqueles em que é imprescindível parar por razões de segurança (há-os que eram perfeitamente evitáveis e não têm qualquer sentido) ou por andar a velocidades alucinantes em locais que não têm condições para isso.
Pelos vistos não conheço as pessoas certas.
Eu que, confesso, ando sempre em excesso de velocidade e nunca tive um acidente, já fui ultrapassado dentro da cidade a mais de 90 km/h, em avenidas com passadeiras. Ainda no Sábado vinha eu numa rua com dois sentidos na casa dos 70 e fui ultrapassado por um desses veículos de dois lugares – e estava a chover.
Mas bonito mesmo é ser-se ultrapassado por um veículo em larguíssimo excesso de velocidade que uns metros à frente para repentinamente em frente a um café. E nada como aqueles enxonantes que empatam o trânsito e que, quando vêm cair o amarelo, aceleram a fundo para não terem de parar no semáforo passando já no vermelho, para imediatamente voltarem ao enxonamento. Andam as ruas e estradas cheias de chicos espertos. É pena é serem meios analfabetos.
Há meses atrás ia eu à vontade a uns 30 a mais do que o limite da Nacional 1 e vejo no retrovisor uma coisa preta e lustrosa que se aproximava vertiginosamente. Deixei-o passar e fui atrás dele para ver até que ponto ia o exagero. Cheguei a ir a 170 atrás dele. Não levava qualquer sinalização de emergência, nem sequer os faróis acesos. Era um trintão orgulhoso do seu emblema alemão.
Podem-me dizer que isto é o discurso da arrogância, do preconceito de classe, da mania das superioridades. Eu diria que é o discurso de quem conhece outros povos que não vêem o carro como uma arma de afirmação pessoal ou um brinquedo.
Mas que também os conhece piores. Tudo depende de a quem nos queremos assemelhar: a turcos e marroquinos ou aos europeus?
Mas o grande argumento contra o novo código é este: a gente não tem dinheiro para pagar as multas (entrevista de rua na RTP). Quem não tem dinheiro não tem vícios: se cumprirem não são multados.
Fotografia de arquitectura
terça-feira, março 29, 2005
Argumentação ardilosa
Vamos ter um filme que já vimos antes do 1º referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez.
Vamos assistir a argumentos que falam de proibição da IVG como se não existisse já uma lei que a permite em condições perfeitamente delimitadas.
Vão falar de direito à vida como se o que estivesse em discussão fosse a própria lei que já está em vigor.
Ninguém os ouviu falar então e ninguém os vai ouvir falar agora sobre despenalização, apenas sobre interrupção voluntária da gravidez.
E os que apoiam a despenalização vão embarcar na coisa e deixarem-se arrastar para uma argumentação que nada tem a ver com a alteração que irá ser referendada.
Oiçam bem: o referendo não é sobre a introdução de legislação que permita a IVG, é sobre a despenalização, ampliando o âmbito da lei já existente.
É apenas isto que está em causa neste referendo, não um regresso à santidade de Salazar.
Taxa de natalidade cai 50% em quarenta anos
Gostava de saber como é que os autores do estudo compatibilizam estas conclusões com as afirmações de Paulo Portas durante o governo de Barroso, segundo as quais devia ser travada a imigração porque ela contribuia para o aumento do desemprego em Portugal.
Alguém deve estar errado nesta história.
A notícia AQUI
Aviso aos leitores deste blog
O autor deste blog tem mantido alguma contenção relativamente a assuntos que podem ferir susceptibilidades. Refiro-me a questões ligadas a religião, valores morais e culturais, comportamentos colectivos, etc.
Textos como os do Filho da Puta do 5ºA, colheram reacções agressivas de alguns que não gostaram de se ver retratados. O mesmo se diga de cada vez que abordo a situação do Papa.
Mas essa contenção não faz parte da maneira de ser do autor do blog. Para o autor, as ideias ou saem com frontalidade e franqueza, sem meias tintas, ou então ficam tipo comida sem sal.
Isto tudo para dizer que o autor do blog vai passar ao ataque, vai entrar pelo caminho da demolição de tudo quanto é preconceito, vícios culturais, tiques sociais e, sobretudo, atacando o estado de bovinidade geral, parafraseando um blog muito conhecido.
E o ponto de partida vai ser já nos próximos posts, sobre a condução à portuguesa e a questão da despenalização do aborto. Chega de argumentação viciosa.
Quem não gostar tem sempre centenas de blogs de pretensos defensores da vida, do liberalismo económico, da privatização do espaço aéreo, das praias, sobre a quinta das vacas, etc. Mas já agora, se não se importam, se não resistirem a ler o blog e a escrever comentários, seria possível usarem de alguma lógica naquilo que dizem e evitarem linguagem de pedreiro?
É que não se trata de discordarem daquilo que aqui se escreve, esses até são bem vindos, trata-se de atirarem umas atoardas não fundamentadas, sem nexo e, algumas vezes, sem educação.
Preparem-se que desenterrei o machado de guerra. Eu, por mim, já estou preparado para levar com a onda de choque.
Mais lucros!!!
Desta vez é a Caixa Central do Crédito Agrícola Mútuo.
Para o cidadão comum, fica esta contradição entre uma economia que se diz em dificuldades e os crescimentos quase inéditos de lucros das grandes empresas nacionais.
É certo que, para se distribuir riqueza, é necessário em primeiro lugar gerá-la.
Porém, a pergunta que fica é: os lucros gerados pela banca e por empresas como a EDP, a PT e outras, têm repercussão proporcional em termos de impostos cobrados?
A notícia AQUI.
segunda-feira, março 28, 2005
Até custa a crer!!!
A cultura da dor
Provavelmente devido à falta de preparação religiosa, nunca entendi esta cultura da dor, onde o prazer é proibido e a dor elevada à condição de ideal a atingir.
Para mim, oscilamos anualmente entre a esperança natalícia e a depressão pascal.
Preso a esta cidade, vou vendo imagens de um Papa que persiste (ou a quem obrigam a persistir) no exercício de funções para as quais inegavelmente não tem saúde.
E escuto referências do apreço da cristandade pelo sacrifico, pela dedicação levada ao extremo, pelo sofrimento para além do aceitável.
O Papa sofre, está doente, muito doente, muito debilitado. Só não entendo porque se permite ou se exige que continue a exercer funções nesse estado de falta de condições físicas. E dou de barato que esteja intelectualmente com o vigor de um homem de quarenta anos.
Mas alguém obrigava ou permitia que o seu próprio pai trabalhasse nestas condições?
Das duas uma: ou a condução da Igreja não dá trabalho nenhum e então aceito aquilo que vejo ou se de facto exige muito trabalho e responsabilidade, acho pouco cristã a manutenção ad eternum desta imagem de um homem em sofrimento apresentado como o alto condutor dos destinos da cristandade.
E não me venham dizer que se trata de dedicação a uma causa, porque se o Papa for substituído não vejo em que é que a causa possa ser prejudicada. Se o Papa morrer será substituido e a causa prosseguirá.
É de facto a cultura da dor: Cristo morreu em sofrimento para nos salvar, o Papa sofre para nos dar o seu exemplo, uns tipos pregam-se em cruzes nas Filipinas.
Ficamos então assim: se o Deus cristão gosta deste sofrimento, se lhe dá valor, descansem que não quero que ninguém sofra por mim. O meu maior desejo é ver toda a gente de sorriso nos lábios e não numa permanente busca da salvação pela dor.
Salvação de quê? Do Inferno? E ainda há outro para além deste em que temos os pés assentes?
Acontece aos melhores
Os salários dos funcionários públicos têm que baixar para que o Estado consiga controlar a despesa. A ideia é defendida pelo economista Silva Lopes, em entrevista ao Diário de Notícias.
domingo, março 27, 2005
Misturas com Viagra provocam impotência
A competência do CDS/PP
A notícia AQUI
Contenção pascal
Acho que um Domingo de Páscoa não é o melhor dia para o fazer.
Fica para a próxima.
Sapiência de Einstein
sábado, março 26, 2005
Duvido, logo existo!
Vem isto a propósito da agitação que corre por estes dias nos Estados Unidos face ao caso Terri Schiavo, a tal mulher que está há anos em estado vegetativo.
Se em relação a todos os casos em que existe consciência e capacidade de exprimir a vontade, como foi o caso agora transposto para cinema de Ramon Sampedro, não me ficam quaisquer dúvidas em aceitar a eutanásia, o mesmo já não acontece relativamente ao caso de alguém que estando em vida vegetativa não consegue manifestar a sua vontade.
No caso de Sampedro ou no de uma mulher que na SIC Notícias dizia que a deviam deixar morrer, que aquilo não é vida, trata-se de opções pessoais, de uma forma de suicídio que a pessoa só não comete por disso estar fisicamente incapacitada.
Para mim, essa vontade deve ser respeitada.
Quanto ao caso Terri, surgem-me algumas dúvidas.
Embora eu tenha para mim como certo que aquele estado não constitui vida, nada me garante que em alguns casos, para o próprio, não possa ser preferível esse estado, ainda poder sentir a presença dos que lhe são queridos, do que deixar de existir.
A questão parece residir no facto de a pessoa ter ou não emoções, sentir ou não a presença dos entes que estima, reconhecê-los, etc.
A essa pergunta só a ciência pode dar resposta. Mas, como em quase tudo na vida, como se dizia no “Erro de Descartes”, não há raciocínio sem emoção, logo também a ciência parece estar a ser emotiva neste caso.
Só me chateia solenemente que esta minha dúvida se aproxime das posições dos fanáticos religiosos que abomino.
E continuo com dúvidas.
sexta-feira, março 25, 2005
Tudo aos tiros
quarta-feira, março 23, 2005
Até que enfim!!!
É verdade. Mas é a primeira vez que um governo atira com este assunto para a mesa das decisões e não das boas intenções.
Todos ganham. Ganhamos nós porque passamos a ter gente escolhida por concurso público, em princípio de acordo com as suas competências. Mas ganham os próprios governos porque se vêem livres da pressão dos inúteis partidários à procura de um tachito. Mas que é preciso coragem para assim hostilizar as aspirações a um lugar dos apoiantes partidários, lá isso é.
A notícia neste LINK.
A questão do aborto
A posição do PCP é, do ponto de vista teórico, a mais acertada. Na realidade, havendo um consenso de uma muito larga maioria dentro da Assembleia da República, a solução mais óbvia passaria por uma mudança da actual lei dentro da própria Assembleia.
O problema é que, se um dia num qualquer arranjo eleitoral o PSD tem de ceder ao CDS nessa questão e obtiverem maioria, teremos imediatamente o regresso à lei na sua actual configuração. O que não acontecerá se a mudança resultar de um referendo, por falta de legitimidade.
Fazendo-se o referendo, como vai acontecer, teremos uma situação semelhante à do anterior em que o pessoal está de férias ou decide ir para a praia porque até está bom tempo e porque, no fundo, funcionará esse sublime raciocínio segundo o qual "isso é problema das gajas".
Arriscamo-nos a que os portugueses se ponham de fora por considerarem que em nada os afecta se as mulheres vão ou não presas por abortarem. Aliás, como é sabido, muitas das vezes, o co-autor da gravidez acaba por se pôr de fora pela simples razão de que até nem é ele que está grávido.
À mulher de César
A propósito desta notícia:link
Três dias depois das eleições, com uma empresa gerida por amigos?
Cheira a esturro.
terça-feira, março 22, 2005
Freitas e o CDS
O CDS demonstra mau perder, não entende que alguém possa mudar de opinião a não ser que essa mudança seja a seu favor.
Não entendem também que, muito provavelmente, quem está mal são eles: foram eles que foram rejeitados por sufrágio. Por muito que valorizem o seu pensamento de direita, os eleitores não o quiseram.
Acusam Freitas do Amaral de esquerdismo. Gostava de saber o que diriam se para a mesma pasta tivesse sido escolhido um puro e duro da ala esquerda do PS.
Não concordam com as ideias que Freitas agora defende? Ainda bem, porque a maioria dos portugueses também não concordava com a anterior política externa, como se viu.
Às vezes interrogo-me se este tão grande empenhamento pelo lado de lá do Atlântico se fica pelo plano das convicções ou se haverá qualquer outra motivação: eu não acredito em bruxas, mas que as há, há.
Desarmamento
Em seguida suicida-se.
Dir-me-ão que, enquanto se matarem uns aos outros, é lá com eles.
A questão não é assim tão nítida.
Dizem as estatísticas (e eles têm estatísticas para tudo) que existe em média uma arma para cada americano residente. Isto demonstra uma atitude belicista, de um povo que, tendo o culto das armas, está sempre pronto para entender que o primeiro recurso é a violência e a hostilidade.
A generalidade da população americana não entende que, com tamanha proliferação de armas, estas tanto estão nas mãos de bons cidadãos como nas de tudo quanto é delinquente. Mas também nas mãos de indivíduos mentalmente perturbados e daqueles que, numa invenção americana, chamam de sóciopatas.
Quem viaja pelos Estados Unidos, vê que se trata de uma sociedade esquisita porque complicada, contraditória mesmo. É um povo capaz do melhor e do pior.
Um amigo meu costuma dizer, com razão, que é uma sociedade grande em tudo: na riqueza como na pobreza, no conhecimento como na ignorância, no altruísmo como na crueldade egoísta. Capaz de defender os direitos humanos com convicção mas também de os violar de forma descarada.
Como sempre, as tentativas de desarmamento são infrutíferas porque a indústria das armas é demasiado poderosa.
E continuarão a morrer jovens inocentes numa sociedade que tanto respeito diz ter pela vida.
segunda-feira, março 21, 2005
As guerras de Socrates
Primeiro foi a história dos medicamentos e dos infelizes donos de farmácias, como se esta medida fosse inédita a nível internacional.
Agora é a redução das férias judiciais para um mês, como os outros trabalhadores todos.
Parece que, pela tónica das intervenções, também vamos deixar de ser os lambe botas de estimação da administração americana e nem vamos voltar a ter um primeiro ministro tipo emplastro a ver se consegue ficar na foto, como foi o caso de Durão Barroso na cimeira dos Açores que decidiu a invasão do Iraque.
Que sacrilégio para a direita, esta coisa de nos recusarmos a ser um país com as cuecas rotas mas a tentar fazer figura de rico em missões de guerra, sem carácter humanitário, sempre os primeiros na linha da frente para acompanhar qualquer intervenção desde que desejada pelos donos do mundo.
E se Portugal deixar de participar em missões no estrangeiro, se se limitar às de carácter especificamente humanitário, perdemos o quê? A necessidade de gastar os nossos escassos recursos em armamento? Que chatice para a indústria de armamento internacional.
Já agora, será verdade que na mesma altura a Coreia do Sul comprou à mesma fábrica que nós dois submarinos mais modernos e mais baratos do que os do negócio de Paulo Portas?
Impreparação policial
Um tipo sozinho dispara sobre um polícia, entra no carro, arranca, faz inversão de marcha e volta a disparar matando outro, só não matando o terceiro por nítida falta de pontaria, não de vontade.
Vou exemplificar um comportamento profissional, através de um caso que sucedeu comigo.
Há uns anos, em Washington, quando essa cidade batia o recorde de homicídios nos Estados Unidos, dirigi-me em pleno dia a três polícias numa rua meia deserta, para lhes perguntar qualquer coisa. A reacção deles deixou-me meio atemorizado: um deles ficou onde estava e os outros dois recuaram imediatamente pondo a mão na arma. Devo dizer que eu estava sozinho, estava bem vestido, ou seja, aparentemente não constituía qualquer perigo. No entanto, as suas normas de segurança funcionaram e colocaram-se numa atitude prudente, ainda que, pelo menos para mim, que não estava habituado àquele tipo de reacção, fosse intimidatória.
Se tivesse havido um comportamento semelhante da parte dos polícias vitimados, talvez agora não tivéssemos de lamentar mais duas mortes.
Parece que os criminosos levam a sua actividade a sério, mas quem manda na polícia não.
domingo, março 20, 2005
Estranho conceito
O marido conseguiu obter uma autorização judicial para pôr termo a esta situação.
Não me vou alongar acerca daquilo que penso sobre o assunto porque já aqui escrevi sobre ele.
O que verdadeiramente me espanta, é este estranho conceito de vida defendido por alguns, segundo o qual o simples bater de um coração, ainda que desacompanhado de qualquer outra manifestação vital, é considerado como vida.
Considero que estamos perante um conceito reducionista de vida. Perante uma posição de fundamentalismo cultural, filosófico e religioso.
Os que assim pensam são os mesmos que condenam o aborto liminarmente e que o recusam mesmo quando a vida da mãe está em perigo, ou quando a vida que vai persistir se pode traduzir num martírio de sofrimento.
Este idealismo radical, completamente desligado de qualquer conteúdo prático, traduz-se, as mais das vezes, numa contradição com os valores que dizem defender de amor ao próximo e de respeito pela pessoa na sua integralidade.
Ouvi agora na televisão que até Bush, esse expoente máximo do pensamento contemporâneo, um dos raros exemplos vivos da reflexão filosófica, interrompeu o fim de semana para actuar por via legislativa por forma a impedir que o tubo de alimentação da mulher em causa seja retirado.
Não me revejo neste humanitarismo teórico, feito por metades, baseado numa sensibilidade que não entendo nem sinto.
Considero uma crueldade manter e perpetuar o sofrimento de alguém privado de tudo, excepto do bater do coração.
Tipos como Bush e os extremistas religiosos americanos, não entendem (nunca entenderão) a diferença entre ser e pessoa: persona, no sentido grego.
Se eu um dia ficar assim, por favor, desliguem-me a máquina: para mim, viver sem interagir com as pessoas e as coisas não é viver.
Respeitem o meu direito a querer ser mais do que uma couve ou um qualquer arbusto, que também estão vivos.
Curiosidade
sexta-feira, março 18, 2005
Cientista portuguesa
Eu bem digo que nós não somos estúpidos, andamos é mal orientados.
A Aparição
Andavam os autarcas eufóricos, agitavam-se as gentes antevendo a solução milagrosa para os problemas de subdesenvolvimento, desemprego e desertificação.
Subitamente, até as casas em ruínas e leiras que ninguém queria viram o seu valor disparar, numa especulação desenfreada.
A causa de tudo isto residia na anunciada aparição, não de uma senhora de branco mas de um homem de branco, descrito como baixito e gordo.
A esperança numa nova Fátima, desta vez a Sul, tirava o sono aos mais sossegados e trazia em pânico o pessoal do Partido Comunista, receando que este fenómeno afastasse definitivamente o povo alentejano dos ideais comunistas.
Delirantes de gozo místico, os representantes religiosos instalaram-se de armas e bagagens nas planuras alentejanas antecipando esta benesse divina.
Tudo isto porque o vidente, o Zé Marradas, jurando que por acaso e ao contrário do que era costume nem estava bêbado, afiançava que tinha visto um homem de branco, pequenino e gordo e que emitia uma luz.
Para grande frustração e desespero de todos, depois de bem investigada a coisa, apurou-se que, afinal, o que o Zé tinha visto era o homem da Michelin em cima de um camião TIR francês.
Já não há aparições como antigamente…
quinta-feira, março 17, 2005
O programa de governo
Hoje sou do Sporting
Com este calor o pessoal anda irrequieto e quando menos se espera volta para casa quem devia voltar mais tarde.
Declaração do Senado Americano
1. Ao utilizarmos a CIA para auxiliar o derrube pela força do governo legitimamente eleito pelo povo chileno, desconhecíamos em absoluto que estávamos a colocar no poder um energúmeno facínora.
2. Como país mal informado que somos (veja-se o que aconteceu com as armas do Iraque) ignorávamos também que durante todos os anos em que Sua Excelência o Sr. Pinochet esteve no poder, se cometeram atrocidades e violações dos mais elementares direitos humanos, sendo certo que, para nós, a violação de direitos humanos por uma ditadura de extrema direita tem sempre uma conotação mais afável e tolerável do que se for cometida por esses desalmados comunistas, socialistas e outros istas.
3. Como somos ceguinhos e mal servidos de inteligência, nunca demos conta da lavagem de dinheiro roubado ao povo chileno por esse nosso ex-amigo, de sua graça Pinochet. Afinal, só andamos com ele ao colo durante 25 anos: uma coisa de nada.
4. Hoje, fazendo jus à proverbial virgindade absoluta da nossa política externa, e caída que já é em desgraça tão notável e ex-benemérita criatura (o homem até ia à missa), aqui deixamos a nossa pública consternação por termos recebido a notícia da existência de depósitos no valor de mais de 15.000.000 de dólares em 125 contas cá na nossa terrinha.
A comissão do senado dos Estados Unidos
quarta-feira, março 16, 2005
Aumentos de impostos
Volto de novo ao assunto, a propósito das declarações de Vítor Constâncio preconizando a subida dos impostos nos automóveis e combustíveis.
Assim apresentadas as coisas, o primeiro reparo que me merecem estas declarações é exactamente o mesmo que fiz relativamente ao ministro das Finanças: aumentar impostos é a receita simples, sendo que para esse tipo de actuação já nos bastou a Dra. Manuela Ferreira Leite.
Se falássemos de uma consignação de todos os impostos pagos pelo sector automóvel à rede viária, estaríamos no campo das boas medidas. Falar nessa receita fácil de lançar indiscriminadamente mais impostos sobre o condutor que, na maior parte dos casos, necessita do seu automóvel por não ter alternativa em termos de transporte público, então estamos a entrar no retrocesso a vários níveis.
Desde logo porque a diminuição do número de mortos em acidentes aconteceu sem que tenha havido redução do número de acidentes, o que significa que os veículos em circulação são mais modernos, logo têm mais meios de segurança passiva. O aumento do preço vai retardar a renovação do parque automóvel.
Mas também porque o preço relativo dos veículos e combustíveis em Portugal é mais elevado do que no resto da Europa, isto é, tomando em consideração a remuneração média do português.
Porque não aumentar apenas a taxa de Imposto Automóvel aos veículos de luxo? Àqueles que tiveram um aumento de vendas de 60% no ano passado?
Quem dá 75.000€ por um automóvel, pode dar mais 20.000 que não será por isso que deixarão de se vender.
É um pouco o velho lema: os ricos que paguem a crise.
Mas medidas cinzentonas destas, de quem aprendeu uma cartilha e não consegue utilizar a imaginação para sairmos deste baralhar e voltar a dar, isso não. O povo está demasiado sobrecarregado para lhe atirarem com mais agravamentos das condições de vida.
terça-feira, março 15, 2005
Falta de nível
Devolver a confiança
Uma intitulava-se “O brasileiro nunca desiste” e traduzia-se em pequenos filmes que relatavam os casos de várias figuras brasileiras que tinham passado por problemas graves e tinham conseguido “dar a volta por cima”. Um dos casos era o do jogador de futebol Ronaldo.
A outra, do mesmo género, intitulava-se “O brasileiro consegue” e fazia uma história breve de brasileiros com sucesso, que tinham vindo do anonimato e, alguns, da adversidade superada com esforço.
Dava jeito termos campanhas destas em Portugal, porque temos inúmeros casos tanto de empresas como de pessoas que triunfaram à custa de trabalho honesto e dedicado, muitos deles com excelente reputação internacional.
Dir-me-ão que se trata de uma inutilidade. Eu diria que campanhas destas nos podem demonstrar que o sucesso não cai do céu nem vem sob a forma de subsídio do Estado.
Mas, sobretudo, permitiria que os portugueses entendessem que o progresso individual, como o de um país, só se faz com trabalho, competência, dedicação, coragem e prescindindo de muitas horas de lazer.
Enquanto a generalidade do pessoal for lutando para cumprir os mínimos, estaremos condenados individual e colectivamente ao empobrecimento.
Subitamente
segunda-feira, março 14, 2005
E os combustíveis?
Como se sabe, a liberalização do preço dos combustíveis só permitiu que os preços fossem uniformizados por cima, numa cartelização aparente.
Quem viaja em França, por exemplo, sabe que o preço dos combustíveis é mais elevado nas auto-estradas do que nas nacionais e bastante inferior nos super e hipermercados.
Quem tem o privilégio de poder abastecer-se em Portugal num posto de um supermercado, sabe que o desconto ou redução de preço anda na casa dos cinco cêntimos por litro.
Vamos ver se Sócrates é capaz de permitir a instalação generalizada de postos de abastecimento nas grandes e médias superfícies.
Se o fizer, lá teremos o coro de argumentos demagógicos semelhante ao que agora por aí anda em torno dos medicamentos.
Veremos durante quanto tempo Sócrates vai enfrentar os grandes grupos de interesses económicos. Se o fizer, é de homem!
E de vez em quando até sabe bem que alguém governe no sentido dos interesses dos cidadãos em vez de estar ao lado do poder económico em prejuízo daqueles.
A demanda do neurónio
O ponto de partida
Desconhecemos ainda os dados da economia nacional relativos ao primeiro trimestre deste ano, mas sabemos os dados de 2004.
O panorama que serve de ponto de partida é o seguinte:
- Recessão técnica no último trimestre de 2004. No último trimestre do ano passado, o valor do PIB baixou 0,3% em relação ao terceiro trimestre, que fora 1,0% inferior aos três meses imediatamente anteriores.
- As exportações portuguesas apenas cobrem metade do valor das importações.
- Crescimento médio da economia: 1%.
É perante este estado de coisas que o novo governo vai ter de mostrar o que vale.
Dificilmente se poderá dizer, dentro de um ano ou dois, que este governo destruiu a economia: já está destruída.
Certo é, também, que o difícil é não fazer melhor que isto.
sábado, março 12, 2005
O coro do imobilismo
A primeira medida anunciada por Sócrates fez saltar da toca os grupos de interesses e aqueles que têm de ter sempre opinião, mesmo quando ficam mal na fotografia pelos disparates que dizem.
Refiro-me à venda livre de medicamentos não sujeitos a receita médica.
Dou apenas quatro exemplos para demonstrar a dimensão do disparate de quem levantou objecções.
Na Inglaterra, Estados Unidos, Brasil e algumas regiões espanholas é possível adquirir medicamentos de venda livre em supermercados e até em estações de serviço.
Mas estamos a falar de países onde notoriamente ninguém sabe o que faz e é preciso ouvir com atenção os intervenientes lusitanos para tomarem qualquer decisão.
Mas que vai diminuir os lucros das farmácias, isso vai.
E que também vai provocar a descida do preço dos medicamentos em causa, isso também é inevitável: é a concorrência, meus amigos.
Coitadas das farmácias…Já não se pode mexer com interesses instalados.
quinta-feira, março 10, 2005
Afinal isto está bom
Depois dos lucros da EDP, foi agora a vez do anúncio dos lucros da Sonae de Belmiro de Azevedo com um aumento de 40%.
Mas o mais espantoso é o aumento de lucros dos CTT que foi só de 96%. Notícia Aqui.
Depois ainda dizem, que isto está mau.
Não está nada.
Bruxelas chumbou as fraldas de Portas
quarta-feira, março 09, 2005
Humor Espanhol
Finalmente, se ha logrado esclarecer tan discutido y delicado tema:
Existen 3 pruebas de que Jesús podía haber sido Judío:
1. Trabajó en el negocio de su padre.
2. Tenía varios enemigos.
3. Estaba seguro de que su madre era virgen, y su madre estaba segura de que él era Dios.
Pero hay 3 pruebas de que Jesús podía haber sido Irlandés:
1. Nunca se casó.
2. Nunca mantuvo un trabajo estable.
3. Su último deseo fue un trago.
Así mismo hay 3 pruebas de que Jesús podía haber sido Puertorriqueño:
1. Su primer nombre era Jesús
2. Siempre tenía problemas con la ley.
3. Su madre no sabía quién era su padre.
También hay 3 pruebas de que Jesús podía haber sido Italiano:
1. Hablaba moviendo las manos.
2. Tomaba vino con todas las comidas.
3. Trabajaba en negocios de la construcción.
Otras 3 pruebas dicen que Jesús podía haber sido Negro:
1. Llamaba a todo el mundo "hermano".
2. No tenía domicilio permanente.
3. Nadie lo contrataba.
Aparecieron 3 pruebas de que Jesús podía haber sido Californiano:
1. Nunca se cortaba el pelo.
2. Caminaba descalzo.
3. Inventó una nueva religión.
Pero, existen varias pruebas de que Jesús podía haber sido Español:
1. Vivió en su casa hasta los 33 años.
2. Fue condenado mientras que, el verdadero ladrón fue perdonado.
3. Cuando lo encontraron muerto, estaba en calzoncillos.
4. Sus familiares fueron a visitar su tumba y ya no estaba.
5. Estaba rodeado de pobres y cada día eran más.
6. No pagaba impuestos.
7. En la última cena con sus amigos, no pagó la cuenta.
8. Hizo aparecer más alcohol en una reunión donde sólo había agua.
9. Siempre tenía una explicación para todo.
10.Nunca tenía un duro en el bolsillo.
Ya no quedan mas dudas.
Jesús era español.
terça-feira, março 08, 2005
Para ela, no seu dia
Pergunta ingénua
O emigrante de luxo
Não que exista animosidade, mas existe uma diferença no atendimento e já a senti mesmo quando não me diz directamente respeito.
A razão para esta circunstância reside em vários factores que não vou aqui abordar.
Quero apenas salientar que a vitória do Chelsea orientado por Mourinho é importante para os inúmeros emigrantes portugueses que por lá trabalham.
Sobretudo quando as críticas da imprensa falam de um treinador do terceiro mundo chamado Mourinho. Mas também porque nessa equipa existem mais portugueses que demonstram às más-línguas de Sua Majestade que Portugal não é o que é por defeito genético mas por deficiência de orientação.
Agora já podem pôr outra vez o cartaz que dizia “Mourinho for prime minister”.
Horas na RTP
Inglês à puarto, carago!
Uma miudinha conta em Inglês e, naturalmente, depois do Four vem o Fibe.
Vinda de uma criança, a pronúncia inglesa do norte fica enternecedora.
segunda-feira, março 07, 2005
A posição de António Vitorino
Não voltas a brincar com os meus brinquedos
Como sempre, as pessoas revelam o seu carácter pelos actos que praticam.
Pode ser que ao apagarem o passado estejam também a ensombrar o futuro.
domingo, março 06, 2005
Violência em estilo turco
Ferreira Leite em versão rosa?
Em primeiro lugar porque termina a sua intervenção dizendo: “veremos”.
Ora, anunciar um eventual aumento de impostos, com todas as consequências que daí advêm em termos psicológicos e económicos, sem ter a certeza da inevitabilidade da decisão, é no mínimo precipitado. Se não tem a certeza, aguarda para ver e depois pronuncia-se.
Em segundo lugar, porque este era o estilo do governo de Santana, anunciar medidas futuras sem uma ponderação correcta da sua necessidade ou adequação.
Mas sobretudo porque, se a ideia do novo ministro é entrar pela solução fácil do aumento de impostos, desacompanhada de medidas concretas de combate à evasão fiscal, de eliminação de sectores do Estado perfeitamente inúteis e, essencialmente, de medidas de estímulo à economia no sentido de aumentar por essa via a receita, então o que teremos é uma Manuela Ferreira Leite em versão rosa.
Para actuar assim, não precisávamos de um professor universitário na pasta das Finanças, qualquer colador de cartazes aplicava esta medida.
Seja como for, o ministro teria ganho em estar calado e falar apenas depois do “veremos”. É certo que o homem não é um político de carreira, mas até para a ingenuidade há limites. Espero que Sócrates lhe tenha puxado as orelhas.
Os portugueses estão fartos de apertar o cinto e não será com declarações destas que lhes devolvem a confiança.
É dever deste governo criar os mecanismos que permitam, pelo menos, não diminuir a qualidade de vida dos cidadãos. Se não o fizer, então prefiro Santana: sempre tínhamos palhaçadas diárias garantidas.
sexta-feira, março 04, 2005
Inepcia sublime
Particularmente hilariante a biografia do autor, um tal Renato Carreira.
Carreguem e divirtam-se:www.inepcia.com.
A outra visão da coisa
Temos governo (2)
Temos governo
Recado aos novos leitores
Ultimamente, surgiram novos leitores que, pelo conteúdo dos comentários, não conhecem a história e os textos passados deste blog. Ou então, lêem textos noutros blogs e põem os comentários aqui.
O resultado sai meio salazarento, vislumbram comunistas em todo o lado, estorcegam o que se diz, atribuindo conteúdos aos meus textos que nem com uma interpretação forçada lá estão.
Caros novos leitores: aqui defende-se a pessoa, a democracia, o estado de direito, a liberdade, a dignidade humana.
Ataca-se quem quer que seja, independentemente da sua linha política, sempre que aqueles valores sejam violados.
Este é um blog de esquerda, mantido por um único autor, sem apego nem tolerância perante “ismos”.
Mais do que para ser lido, o blog existe pelo prazer da escrita e da denúncia daquilo que o seu autor considera incorrecto.
Quem não gostar do sentido que lhe é incutido, tem centenas de blogs de direita, neoliberais, etc. onde poderá comungar dos seus ideais.Mas, por favor, não venham comentar o que não está escrito.
quinta-feira, março 03, 2005
Coerência eclesiástica
O homem avisava que quem não cumprir os requisitos não comunga.
Começaram logo a dizer que é uma Igreja retrógrada e que o padre é fascista.
Pois eu acho o homem coerente.
As regras são aquelas, quem aceita vai, quem não aceita muda para outro padre que pensa da mesma maneira mas não tem coragem de o dizer para não perder os “clientes”.
Precisávamos de mais gente assim: as regras da Igreja são aquelas, cristão que se preze cumpre-as. Cristão que não as cumpre só é meio cristão.
Ou nesta coisa da religião também andamos nas meias tintas?
Já não chega na política, onde anda toda a gente à procura do centro e ninguém assume posições coerentes?
O futuro insucesso de Socrates
Vejamos.
Queremos que baixem os impostos e aumentem os salários.
Diminua o deficit e não haja despedimentos na função pública, de preferência com descongelamento de novas admissões.
Que os ministros que já lá estiveram não voltem, mas acharemos que os novos são inexperientes.
Exigiremos a redução do imposto sobre os combustíveis para os colocar ao nível de Espanha, e diremos que está a ser despesista.
Terá de impedir a deslocalização das fábricas, eventualmente recorrendo a uma âncora.
Garantir a colocação de todos os jovens no mercado de trabalho, sem diminuir a idade da reforma.
Enfim, a conciliação dos contraditórios é o que se exige a Sócrates. Evidentemente já perdeu essa guerra.
O país exige medidas que não são apenas drásticas. Essas foram-nos oferecidas por Ferreira Leite. O país exige saber o objectivo dos sacrifícios e ter um rumo que lhe permita antever uma saída, não apenas a continuidade dos sacrifícios.
Exigem-se neste momento medidas de criatividade que nos catapultem para a modernização. Sob pena de cairmos de novo no pessimismo conformista.
Só que descemos tanto em todos os padrões, atingimos mínimos tão extremados, que cada vez se torna mais difícil voltar a subir.
E a alma portuguesa vai exigir de novo que seja o Estado a fazer tudo: já o vimos com os empresários da hotelaria e da cutelaria. Outros se seguirão.