domingo, março 06, 2005

 

Ferreira Leite em versão rosa?

A primeira intervenção do futuro ministro das Finanças foi infeliz a três níveis.
Em primeiro lugar porque termina a sua intervenção dizendo: “veremos”.
Ora, anunciar um eventual aumento de impostos, com todas as consequências que daí advêm em termos psicológicos e económicos, sem ter a certeza da inevitabilidade da decisão, é no mínimo precipitado. Se não tem a certeza, aguarda para ver e depois pronuncia-se.
Em segundo lugar, porque este era o estilo do governo de Santana, anunciar medidas futuras sem uma ponderação correcta da sua necessidade ou adequação.
Mas sobretudo porque, se a ideia do novo ministro é entrar pela solução fácil do aumento de impostos, desacompanhada de medidas concretas de combate à evasão fiscal, de eliminação de sectores do Estado perfeitamente inúteis e, essencialmente, de medidas de estímulo à economia no sentido de aumentar por essa via a receita, então o que teremos é uma Manuela Ferreira Leite em versão rosa.
Para actuar assim, não precisávamos de um professor universitário na pasta das Finanças, qualquer colador de cartazes aplicava esta medida.
Seja como for, o ministro teria ganho em estar calado e falar apenas depois do “veremos”. É certo que o homem não é um político de carreira, mas até para a ingenuidade há limites. Espero que Sócrates lhe tenha puxado as orelhas.
Os portugueses estão fartos de apertar o cinto e não será com declarações destas que lhes devolvem a confiança.
É dever deste governo criar os mecanismos que permitam, pelo menos, não diminuir a qualidade de vida dos cidadãos. Se não o fizer, então prefiro Santana: sempre tínhamos palhaçadas diárias garantidas.

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