segunda-feira, março 28, 2005
A cultura da dor
Esta época pascal deixa-me sempre angustiado. Procuro fugir para qualquer lado onde a cultura seja diferente ou onde não cheguem notícias destas bandas. Este ano não pude fazê-lo.
Provavelmente devido à falta de preparação religiosa, nunca entendi esta cultura da dor, onde o prazer é proibido e a dor elevada à condição de ideal a atingir.
Para mim, oscilamos anualmente entre a esperança natalícia e a depressão pascal.
Preso a esta cidade, vou vendo imagens de um Papa que persiste (ou a quem obrigam a persistir) no exercício de funções para as quais inegavelmente não tem saúde.
E escuto referências do apreço da cristandade pelo sacrifico, pela dedicação levada ao extremo, pelo sofrimento para além do aceitável.
O Papa sofre, está doente, muito doente, muito debilitado. Só não entendo porque se permite ou se exige que continue a exercer funções nesse estado de falta de condições físicas. E dou de barato que esteja intelectualmente com o vigor de um homem de quarenta anos.
Mas alguém obrigava ou permitia que o seu próprio pai trabalhasse nestas condições?
Das duas uma: ou a condução da Igreja não dá trabalho nenhum e então aceito aquilo que vejo ou se de facto exige muito trabalho e responsabilidade, acho pouco cristã a manutenção ad eternum desta imagem de um homem em sofrimento apresentado como o alto condutor dos destinos da cristandade.
E não me venham dizer que se trata de dedicação a uma causa, porque se o Papa for substituído não vejo em que é que a causa possa ser prejudicada. Se o Papa morrer será substituido e a causa prosseguirá.
É de facto a cultura da dor: Cristo morreu em sofrimento para nos salvar, o Papa sofre para nos dar o seu exemplo, uns tipos pregam-se em cruzes nas Filipinas.
Ficamos então assim: se o Deus cristão gosta deste sofrimento, se lhe dá valor, descansem que não quero que ninguém sofra por mim. O meu maior desejo é ver toda a gente de sorriso nos lábios e não numa permanente busca da salvação pela dor.
Salvação de quê? Do Inferno? E ainda há outro para além deste em que temos os pés assentes?
Provavelmente devido à falta de preparação religiosa, nunca entendi esta cultura da dor, onde o prazer é proibido e a dor elevada à condição de ideal a atingir.
Para mim, oscilamos anualmente entre a esperança natalícia e a depressão pascal.
Preso a esta cidade, vou vendo imagens de um Papa que persiste (ou a quem obrigam a persistir) no exercício de funções para as quais inegavelmente não tem saúde.
E escuto referências do apreço da cristandade pelo sacrifico, pela dedicação levada ao extremo, pelo sofrimento para além do aceitável.
O Papa sofre, está doente, muito doente, muito debilitado. Só não entendo porque se permite ou se exige que continue a exercer funções nesse estado de falta de condições físicas. E dou de barato que esteja intelectualmente com o vigor de um homem de quarenta anos.
Mas alguém obrigava ou permitia que o seu próprio pai trabalhasse nestas condições?
Das duas uma: ou a condução da Igreja não dá trabalho nenhum e então aceito aquilo que vejo ou se de facto exige muito trabalho e responsabilidade, acho pouco cristã a manutenção ad eternum desta imagem de um homem em sofrimento apresentado como o alto condutor dos destinos da cristandade.
E não me venham dizer que se trata de dedicação a uma causa, porque se o Papa for substituído não vejo em que é que a causa possa ser prejudicada. Se o Papa morrer será substituido e a causa prosseguirá.
É de facto a cultura da dor: Cristo morreu em sofrimento para nos salvar, o Papa sofre para nos dar o seu exemplo, uns tipos pregam-se em cruzes nas Filipinas.
Ficamos então assim: se o Deus cristão gosta deste sofrimento, se lhe dá valor, descansem que não quero que ninguém sofra por mim. O meu maior desejo é ver toda a gente de sorriso nos lábios e não numa permanente busca da salvação pela dor.
Salvação de quê? Do Inferno? E ainda há outro para além deste em que temos os pés assentes?
Pronto, estas elucubrações devem ter origem na minha inexistente educação em qualquer tipo de religião.