sábado, abril 30, 2005

 

Xupacabras

Só para saberem que o XUPACABRAS regressou, demonstrando exemplarmente a diferença entre a nudez artística e a pornográfica.

 

Mais um imaculado


Deste falo com conhecimento de causa.
Até admito que toda a sua actuação enquanto autarca se tenha pautado pelo respeito das normas.
O grande problema vai surgir quando se descobrir que o parente taxista só é testa de ferro e Isaltino ficar com o seguinte dilema: demonstrar a origem do dinheiro.
Se acabar por confessar que o herdou, então estamos perante um crime de evasão fiscal, porque de facto nunca pagou o respectivo imposto sucessório.
Se não o fizer, impenderá sempre sobre ele a suspeita de obtenção ilegal dos montantes em causa.
Mas, para já, fala como se o processo já estivesse concluído e demonstrada a sua virgindade monetária.

sexta-feira, abril 29, 2005

 

Natureza viva


Foto de Art A.

quinta-feira, abril 28, 2005

 

Prosápia


Valentim Loureiro reapareceu ao seu melhor nível, como se tivesse sido absolvido de todas as acusações sem apelo nem agravo.
Disparou em quase todas as direcções.
Esperemos que não tenha ainda de engolir alguns dos projecteis agora malbaratados.
Afinal, apenas expiraram as medidas que lhe foram aplicadas, não houve apreciação em sede de julgamento.

 

Condenação exemplar

Um juiz norueguês condenou uma mulher por violação de um homem.
Ao que ficou provado, a mulher ter-se-á aproveitado do estado de embriaguês e semi-inconsciência de um homem numa festa privada para praticar sexo oral, tendo os amigos filmado a cena.
Bem argumentou a defesa que sexo oral e tentativas frustradas de penetração não constituíam violação.
O juiz considerou que, havendo igualdade sexual na Noruega, se as coisas se tivessem passado ao contrário, o homem seria condenado, pelo que condenou a decidida mulher a uma pena de prisão de três anos e ao pagamento de uma indemnização.
Não me parece que esta condenação fosse aplicada em todos os sistemas jurídicos do mundo. Haveria, talvez, a forte probabilidade de o homem vir a ser repreendido por não ter cumprido as suas funções de macho…

 

Foto de Andrei Silva

quarta-feira, abril 27, 2005

 

Justiça?

Foram libertados os suspeitos do homicídio de um agente da Judiciária. A razão é simples: foi ultrapassado o prazo limite para a sua prisão preventiva.
Este episódio é triste, qualquer que seja a perspectiva de abordagem.
Se de facto estávamos perante criminosos culpados deste crime, passamos a tê-los em liberdade, prontos para continuarem a exercer a sua actividade.
Significa isto que ficarão impunes relativamente aos factos que terão praticado.
Mas suponhamos que estavam inocentes.
Suponhamos que se tratava de cidadãos inocentes, acusados por uma das tão em voga cartas anónimas perante as quais se abre imediatamente um processo de inquérito.
Continuemos a supor que se trata de um cidadão que é preso preventivamente, a quem é dito genericamente aquilo de que é acusado, sem factos concretos dos quais possa defender-se alegando, por exemplo e ainda no campo das hipóteses, que na data dos factos de que é acusado, estava na Patagónia, rodeado por cinquenta testemunhas credíveis.
Este cidadão arrisca-se a passar três anos em prisão preventiva, a ter a sua vida profissional destruída, o seu nome arrastado na lama, para ser libertado sem sequer ser julgado.
No final, nem sequer tem o direito, muitas das vezes, a obter um julgamento no qual possa provar a sua inocência.
No final, mesmo que se tenha apurado que os indícios que contra ele existiam eram infundados, a sua inocência já não é notícia, aparecerá num canto escondido de um qualquer jornaleco que não tenha nada para ali colocar.
Esta Justiça não se limita a ser ineficaz para os criminosos.
É perigosa para o cidadão comum, que não está livre de se ver envolvido num processo kafkiano apenas porque alguém lhe tem inveja ou pretende desforra.
É inútil porque, sendo dispendiosa e lenta, permite que alguém nos diga na cara: só pago em Tribunal. Bem sabendo que esse recurso atira com o exercício legítimo dos direitos para as calendas gregas.
Assim se vê que em Portugal o problema económico não tem o exclusivo do dramático nem do urgente.

 

Contrastes

terça-feira, abril 26, 2005

 

Já se cá sabia

Pronto, agora é oficial: a CIA concluiu que não existem armas de destruição massiva no Iraque.
Sabia-se que Saddam era um facínora, um ditador cruel e, provavelmente, bastariam estes atributos para justificar uma guerra.
É caso para dizer que não havia necessidade de inventar a desculpa do combate ao terrorismo e as armas de destruição massiva para consolidar posições geo-estratégicas.
Assim, passam a ter razão todos os que criticaram os fundamentos então invocados, por mais que hoje os protagonistas da guerra nos venham falar em restabelecimento da democracia no Iraque.
Esta só aconteceu como efeito colateral de uma guerra insensatamente iniciada.
Se é de instauração da democracia que se trata, para quando a invasão da Coreia do Norte?

 

Foto de Ed Francis.
Aprendam a nadar companheiros que a maré se vai levantar...

 

Objectivo: ultrapassar a Grécia!!!

Se não forem tomadas medidas, dentro de quinze anos seremos o segundo país mais pobre da Europa comunitária. A notícia é animadora, porque significa que se continuarmos paradinhos, dispersos em discussões estéreis, confundindo o essencial e o acessório, teremos ultrapassado a Grécia e poderemos dizer, como no futebol, que tivemos uma vitória moral: já não seremos, como hoje, os últimos!
Até poderíamos dizer que, numa Europa dos ricos, ser penúltimo não é assim tão mau: tudo depende do termo de comparação e, à escala mundial, essa classificação poderá traduzir-se num bom posicionamento.
Mas tudo isso seriam desculpas para continuarmos a não fazer ou fazermos devagarinho, de forma errática, com avanços e recuos, sem um objectivo nacional definido.
Os mais novos conhecem os números, as estatísticas que comparam o início da década de setenta com a actualidade. Mas é preciso ter vivido esse tempo, ter sentido ao vivo aquilo que as estatísticas não permitem visualizar, para entender que entre aquilo que Portugal era e aquilo que é hoje, passados 31 anos sobre o 25 de Abril, existe a distância de um universo de diferenças.
E muitos, incluindo políticos de raciocínio básico, pensam que a revolução apenas acarretou democracia. Enganam-se: a consequência mais importante seria a mudança de mentalidades. Nesse aspecto, o insucesso foi razoável: muitos dos intervenientes da política, da administração pública e da sociedade em geral, ainda não interiorizaram, em rigor, uma atitude plenamente democrática.
Face à situação em que fomos caindo de nada adianta dizer que a culpa é de A, B ou C.
A nossa posição europeia dentro de quinze anos não será o fruto da governação de Guterres ou das palhaçadas de Santana.
Será o fruto de governações bandalhas, uma atitude política geral de demagogia com vista à conquista do poder, mas também de uma atitude colectiva de porreirismo, de irmos puxando o trabalho pelas orelhas.
Hoje, como há trinta e um anos, somos um país que vive a semana à espera dos resultados do futebol do fim de semana, que vive na ilusão de um D. Sebastião primeiro ministro que lhe resolva os problemas para, num golpe de mágica, reencontrarmos a árvore das patacas e vivermos à sombra da bananeira, finalmente livres para podermos discutir sem pressas ou má consciência, a actuação do árbitro, as diatribes da quinta das alarvidades ou o próximo episódio da telenovela. Estas sim, as grandes questões nacionais e que nos levarão à linha da frente e ao seio dos grandes.

sexta-feira, abril 22, 2005

 

Foto de Zeev Scharf
(Carregue na imagem para aumentar)

quinta-feira, abril 21, 2005

 

Os espanhóis libertaram-se, nós não

As portuguesas vão interromper a gravidez a Espanha (as que podem, claro).
Foi hoje aprovado o casamento entre homossexuais, obviamente também em Espanha.
Creio que quem conhece os nossos vizinhos não terá dúvidas acerca da sua religiosidade. Mas libertaram-se cedo do poder castrador e controleiro da Igreja, ao contrário de nós, que continuamos a dar voz a beatos falsos, adeptos dos vícios privados escondidos sob uma capa ténue de públicas virtudes.
São de Antero de Quental (séc. XIX) as palavras que se seguem num texto intitulado Causas da Decadência dos Povos da Península. O texto completo pode ser lido aqui
LINK.
Tal é uma das causas, se não a principal, da decadência dos povos peninsulares. Das influências deletérias nenhuma foi tão universal, nenhuma lançou tão fundas raízes. Feriu o homem no que há de mais íntimo, nos pontos mais essenciais da vida moral, no crer, no sentir – no ser: envenenou a vida nas suas fontes mais secretas.
Essa transformação da alma peninsular fez-se em tão íntimas profundidades que tem escapado às maiores revoluções; passam por cima dessa região quase inacessível, superficialmente, e deixaram-na na sua inércia secular.
Há em todos nós, por mais modernos que queiramos ser, há lá oculto, dissimulado, mas não inteiramente morto, um beato, um fanático ou um jesuíta! Esse moribundo que se ergue dentro em nós é o inimigo, é o passado. É preciso enterrá-lo por uma vez, e como ele o espírito sinistro do catolicismo de Trento.
De então para cá, ficou dogmaticamente estabelecido no mundo católico que o homem deve ser um corpo sem alma, que a vontade individual é uma sugestão diabólica, e que para nos dirigir basta o Papa em Roma e o confessor à cabeceira. Perinde ac cadaver, dizem os estatutos da Companhia de Jesus.

 

Foto de Angelita Mannoni

quarta-feira, abril 20, 2005

 

Debate inútil

Hoje na Assembleia da República discutiu-se a interrupção voluntária da gravidez.
Ouvi um pouco do debate, apenas para confirmar aquilo que já aqui tinha dito: discute-se a questão como se não existisse já uma lei que permite a IVG em determinadas situações.
Cínicamente, aparecem uns senhores a intitularem-se defensores da vida. Onde é que andaram desde o último debate sobre esta matéria?
Estiveram no poder e nada fizeram daquilo que continuam a defender como a grande alternativa a uma lei despenalizadora.
Em relação a esta matéria comportam-se como perante o problema da pobreza: propõem-se dar uma esmola mas não eliminar a pobreza.
Estes também precisam de iluminação divina: de alta voltagem, de preferência.

 

Um Papa que foi nazi?

É certo que mudar de opinião não é crime.
Certo também que figuras mais ou menos notáveis têm mudado de opinião e, nalguns casos, de forma radical. Vejam-se os exemplos de Pacheco Pereira, Durão Barroso, Zita Seabra ou Freitas do Amaral.
Mas há factos na vida de uma pessoa que deixam uma mancha quase impossível de apagar.
Refiro-me ao actual Papa.
O homem tem um currículo que me atrevo a classificar de pouco recomendável.
Militar na juventude hitleriana, desertar do exército nazi, ser preso pelo exército americano, é um percurso que em nada abona sobre o carácter do homem que agora é Papa.
Pelo menos o anterior, enquanto jovem, experimentou o que é estar do lado dos oprimidos.
Mas, pelos vistos, o actual Papa também não mudou com a idade, visto que as posições que lhe são conhecidas o colocam dentro do grupo dos mais ortodoxos.
Não será o melhor para aqueles cristãos que gostavam de ter uma Igreja mais consentânea com a vida actual.
Atrevo-me mesmo a dizer que não será o melhor para uma mundo materialista e desumanizado como é este em que vivemos.
Face à tendência actual de cocacolonização, uma Igreja mais realista poderia temperar as tendências mundiais e polarizar a opinião pública mundial para atitudes e filosofias de vida diferentes destas que estão em moda.
Desaparecido que foi o comunismo enquanto alternativa de pensamento, a Igreja poderia assumir esse papel de alternativa ao capitalismo selvagem e glutão que alastra como se fosse uma doença incurável.
Algumas consequências positivas, no entanto, resultam desta escolha.
Em primeiro lugar, a adiantada idade do escolhido irá permitir uma regência previsivelmente curta e, assim sendo, os eventuais erros estratégicos poderão ser mais rapidamente rectificados.
Em segundo lugar, a anunciada ortodoxia do novo Papa continuará a afastar do convívio da Igreja muitos que não se identificam com os conceitos de incidência prática tradicionalmente defendidos: para quem entende as religiões como fonte de bloqueios de raciocínio ou do livre arbítrio, esta será uma consequência positiva.
Sem querer cair em heresia, deixo um voto: que Deus o ilumine. Parece-me que irá precisar de grande intensidade de corrente.

terça-feira, abril 19, 2005

 

Pronto, enganei-me

Afinal, o Papa é alemão!
Enganei-me: não surgiu um Papa com objectivos políticos como os que marcaram a escolha do anterior.
Será este que vai actualizar a Igreja face às novas realidades do mundo?
Ou será que a escolha incidiu num Papa que vai persistir na linha vigente, caracterizada por um pensamento e uma estrutura que têm muito de medieval?
Será que este Papa vai tecer críticas como as então efectuadas à administração da pílula do dia seguinte às mulheres jugoslavas violadas pelos assassinos da sua família?
Ou combater o uso do preservativo como meio de prevenção da sida?
Espero que este Papa entenda que a Igreja lida com homens e mulheres e não com anjos e querubins. Se não o fizer, continuará a ceder espaço para seitas de duvidosa honestidade.

domingo, abril 17, 2005

 

Foto de Randy Lorance

 

A música dos faraós

Inaugurou-se esta semana a Casa da Música no Porto. Esta cidade bem merece, que Portugal não é só Lisboa. Merece esta e merecem também todas as capitais de distrito, na sua maioria reféns da mediocridade de algum cinema pronto a comer.
E foi inaugurada com toda a pompa e circunstância adequadas a tão ilustre espaço.
O que me admira é que quem a inaugurou, todas aquelas figuras engravatadas e de fato escuro, não estivessem coradas até às orelhas.
É que aquele equipamento cultural deveria também ter uma lápide bem visível onde se dissesse: Aqui jaz a gestão pública nacional.
Aquela casa, mesmo em silêncio, dá-nos música!
Um projecto que resulta seis vezes mais caro do que o previsto não constitui em si um erro de gestão: atesta à evidência o desprezo pelo dinheiro público, dos nossos impostos.
E ninguém é punido? Ninguém vê o seu nome condenado na praça pública para que, no futuro, nem uma barraca de farturas possa gerir? Já ninguém se espanta?
Se calhar já perdemos a capacidade de nos espantarmos.
Administrados por irresponsáveis e incompetentes, comentamos os resultados mas não nos indignamos: ainda não nos libertámos da mansidão a que Salazar nos condicionou.
E cinco cidades poderiam ter também uma casa da música… Ou equipamentos desportivos não dedicados ao futebol… Ou bibliotecas dignas desse nome…
É caso para dizer: vão jogar o pau com os ursos!

sexta-feira, abril 15, 2005

 

Um ano de blog

Faz amanhã um ano que este blog nasceu nas páginas do Sapo.
Em pleno barrosismo, resultou da irritação que por esses dias me provocavam as afirmações demagogas e populistas de Paulo Portas, as desculpas com o passado da parte de Durão Barroso e a miopia de Manuela Ferreira Leite.
Quando surgiu, não pretendia, como não pretende, ter qualquer notoriedade. Servia apenas de muro de lamentações e manifestação de um grito de revolta contra uma governação que não conseguiu atingir nenhum dos objectivos que se propunha, baixando a qualidade de vida dos portugueses e castigando a economia de forma severa.
Uma governação que tinha a obsessão do défice e que sai do poder com resultados piores do que aqueles que encontrou.
Mas também uma voz crítica perante os tiques sociais e culturais de todos nós, muitas vezes tentados a atirar para cima de quem nos governa com as incapacidades pessoais e colectivas, com esta tendência que temos para fazermos tudo mais ou menos, sem o rigor de outros povos.
Finalmente, então como hoje, os alvos preferidos deste blog serão sempre, independentemente da sua cor política, a demagogia, o oportunismo, o compadrio, aqueles que defendem preconceitos de qualquer tipo ou que persistem na manutenção de regras de funcionamento que têm mantido este país num exclusivo de atraso dentro da Europa.
A defesa intransigente dos Direitos Humanos levou-me também a denunciar questões como Guantanamo, Darfur ou, mais recentemente, a Faixa de Gaza.
Aqui fica o meu agradecimento àqueles que me visitam, independentemente de deixarem ou não comentários. E tenham paciência, que aqui o Bartsky erra como os outros.

 

Pouca vergonha!

Consta em Inglaterra que os jogadores do Sporting foram subornados para jogarem daquela maneira desalmada.
Parece também que este fim de semana os jogadores do União de Leiria vão calçar as chuteiras ao contrário, não vão surgir suspeitas de alguma maquinação macabra envolvendo dinheiros por fora...

 

Foto de Marcel Dijkinga
(Clique na imagem para ampliar)

quinta-feira, abril 14, 2005

 

Foto de Carlo Macinai

 

As vinhas da ira

Desde miúdo que me fui habituando a ver os judeus como um povo vítima.
Começando pelo Egipto dos faraós, até Hitler, passando pela santa madre Igreja, várias foram as violências inaceitáveis e bárbaras cometidas sobre o povo judeu.
Ao longo da minha vida, as imagens e relatos dos campos de concentração foram acentuando esse sentimento.
Acontece que na Terça-feira passada, no canal 2, passou uma reportagem de fundo, sem comentários e, ainda por cima, patrocinada por uma qualquer instituição oficial israelita, que me deixou com uma náusea e uma revolta tais, que tive de deixar passar algum tempo para não escrever a quente.
Reportagem feita sem maquilhagens, faz passar à nossa frente a imagem humana dos territórios ocupados. De gente paupérrima permanentemente humilhada, tratada com arbitrariedade por polícias de fronteira imberbes, que usam a arrogância das armas para espezinharem um povo tão antigo como eles (e que não fosse).
Imagens que não descrevo porque só a sua visualização permite entender e sentir.
Velhos e crianças tratados como gado, numa imagem semelhante a outras em que as vítimas eram judeus. Um velho, proibido de regressar a casa, pega no saco e diz: vou passar, matem-me, prendam-me, mas vou para casa. Se isto é assim à frente de uma câmara, como será às escondidas da opinião pública?
Estranho este comportamento de um povo que já foi martirizado.
Dei comigo a sentir a revolta dos palestinianos, a entender que assim o ódio só pode aumentar.
De repente, por um momento, achei que Hitler tinha matado poucos, que a Igreja e o seu santo Tribunal do Santo Ofício tinham razão. Por isso tive de esperar que a revolta esmorecesse em mim para que o impensável não aparecesse aqui escrito, para que não dissesse aquilo que critico aos outros.
Senti que se fosse palestiniano apoiaria a luta armada.
Passada que foi a emoção, digo apenas que é inadmissível que a situação que se vive entre palestinianos e israelitas não seja objecto de uma intervenção firme por parte da comunidade internacional.
Todos os dias ali são cavadas mais fundo as vinhas da ira.

quarta-feira, abril 13, 2005

 

Foto de Ange Brett

 

Um país telemobilizado

Não sei se todos já terão posto para si mesmos uma pergunta irónica que volta e meia me vem à cabeça: como é que os portugueses viviam antes de terem telemóveis?
Não contesto a utilidade deste meio de comunicação, contesto a sua utilização quase doentia.
Desde os miúdos que nas aulas se entretêm a mandar mensagens às escondidas (e dos professores que sem justificação de relevo atendem chamadas durante as aulas), até à persistência incomodativa em teatros, reuniões e até mesmo em funerais, temos um país a tocar telefones por todo o lado.
Antes da proliferação deste ruidoso utensílio, as pessoas iam ao cinema, a restaurantes, ao futebol, à missa, passavam muito mais tempo nos cafés que hoje e não me lembro que o país (ou as pessoas) se tenha arruinado pela falta de comunicação dessa época.
É uma falta de educação quase arrogante sermos incomodados em locais onde se exige respeito ou concentração, para depois estarmos a ouvir conversas disparatadas que demonstram que não havia qualquer urgência em atender essa chamada.
Também na utilização dos telemóveis não impera o bom-senso.

 

Afinal é possível...

Diz-me um leitor e amigo da Madeira, que o sistema de preenchimento de tempos lectivos em caso de falta de um professor já se encontra em vigor na Madeira.
Diz também que o sistema funciona bem e que tanto alunos como professores já se habituaram e, portanto, se tornou rotina.
O mesmo se diga relativamente à introdução do Inglês no primeiro ciclo, já aplicada na Madeira.
Fico grato por esta informação que nos mostra o lado não visível para quem visita aquela ilha (que apenas vê o desenvolvimento e não se apercebe da organização) e sobretudo porque a imagem da Madeira no continente quase se confina à figura de Alberto João.
Vamos ver se os custos da implementação do sistema são suportáveis aqui no continente e, também, se existe a adequada colaboração por parte dos docentes.
Mantenho, no entanto, a crítica relativamente ao facto de esta medida ter sido apresentada dando a imagem de quem não sabe muito bem como é que isso vai ser feito.

segunda-feira, abril 11, 2005

 

Foto de Mohammed Iskhakov

 

Impressões de fim de semana

Impressão 1. Depois de seis milhões de sorrisos durante o dia de Domingo, achei que igual número andava hoje com um ar meio preocupado e mal disposto. De que será?
Dez anos de desgostos deixam marcas...
Impressão 2. Quando o peso das instituições interfere na vida íntima das pessoas, sucedem episódios que, se não fossem tão dramáticos, poderiam ser apelidados de ridículos.
Refiro-me a esta história do casamento daquele que deveria ser o futuro rei de Inglaterra. Tantos anos de percalços, depois de um casamento errado com, pelo menos, uma vítima à mistura, para finalmente as coisas acabarem como deviam ter começado.
Depois de tantos anos na clandestinidade, se a história de Carlos e Camila não é amor, onde é que está o amor?
Subiram ambos na minha consideração. Mas pouco, que a falta de coragem mancha-lhes o passado.
Impressão 3. Depois da reeleição de Bush já pouca coisa me espanta em política, mas causa-me alguma perplexidade que quase 50% do congresso do Psd tenha votado nesse expoente notável da demagogia que dá pelo nome de Luis Filipe Meneses.
Entretanto, Dias Loureiro sobe à tribuna para nos dizer que os antigos países de leste exportam hoje para Portugal o dobro daquilo que importam, invertendo a situação de há dez anos atrás. Foi pena não ter ido mais longe, porque com vinte anos de recuo a situação seria mais explícita. Não o fez porque a pergunta surgiria: o Psd nunca foi governo nestes anos todos?
Pois, mas o Psd esteve a compor os cacos que o Ps deixou... E nos intevalos do restauro não teve tempo para mais nada?

 

Pronto, está bem.

Foram tantos os protestos e os equívocos motivados pela mudança de nome, que decidi voltar à designação inicial.
De facto, a designação tornou-se uma imagem de marca da tónica que foi e sempre será incutida a este blog.
Aliás, mais cedo ou mais tarde, a natureza das coisas e das pessoas acabará por o justificar.
Este blog continuará, como sempre, ao ataque.

sexta-feira, abril 08, 2005

 

 

Universos Mágicos


Foto de Mario Balzan.

quinta-feira, abril 07, 2005

 

Mourinho mentiu ou não?

Esta história do Mourinho está a começar a cheirar a esturro.
Afinal a conversa não foi nos balneários dos árbitros, mas sim no hall.
O que torna tudo diferente: doutro modo até se poderia inferir que estavamos no âmbito de assédio sexual.
Se a UEFA foi isenta na apreciação do caso, então esta
NOTÍCIA é falsa.
Caso contrário, teremos uma atitude estranha daquela organização face a Mourinho.
É certo que o homem não perderia em falar menos, mas isso não lhe retira razão quando a tiver.

 

Passado muito tempo

Em compensação, no Tribunal da Relação de Lisboa, um recurso de uma absolvição esteve parado cinco anos LINK.
Cinco anos de vida adiada...

 

Justiça açoreana

Em finais de 2003 um pintor da construção civil é detido por suspeita de práticas pedófilas.
Faz-se a investigação, acusam-se dezoito pessoas e a sentença é proferida no próximo dia vinte e sete.
Tudo sem fugas de informação, sem violações do segredo de justiça e com uma rapidez a que não estamos habituados.
O pessoal lá dos Açores bem que podia vir cá dar umas instruções ao continente.

 

Fisco notifica menina de 10 anos

É assim mesmo.
E se for preciso atacam-se logo na maternidade.
É um caso nítido de delinquência juvenil sob a forma de evasão fiscal.
Não é, mas pode bem vir a ser. Ainda lhe penhoram as bonecas...
A notícia
AQUI.

 

Condução à Portuguesa - 2

Retiro o que disse no primeiro post relativo a este assunto.
Afinal essa coisa de o pessoal ter começado a andar mais devagar e não utilizar o telemóvel enquanto conduz, foi sol de pouca duração.
Está tudo a voltar ao mesmo ritmo e ontem até vi uma senhora que conduzia como se estivesse embriagada e que afinal falava ao telemóvel, enquanto ao mesmo tempo ia lendo uma espécie de agenda que segurava em cima do volante.
Como eu disse então, sem uma fiscalização eficaz podem subir as multas à vontade que as coisas não mudam.
Entretanto, a propósito de alguns mails que recebi, referindo as minhas contradições entre o que defendo e o que pratico, recordo que uma coisa é condução em excesso de velocidade (conceito legal) e outra é condução em velocidade excessiva para as condições do piso, traçado da estrada ou características do veículo.
Conduzir a 120 em auto-estrada com nevoeiro cerrado não constitui infracção mas traduz-se em velocidade excessiva. Ao contrário, circular a 120 onde o limite é de 90, ao nascer do dia numa estrada de bom traçado e sem trânsito, constitui infracção mas não se traduz em velocidade excessiva.
Quer isto dizer que cumprir os limites, por si só, não implica que se conduza por forma a evitar acidentes.

 

A sagração da Primavera


Foto de Ron Hensley

quarta-feira, abril 06, 2005

 

Casa Pia à portuguesa

E a dois tempos.
Um ex-professor de religião e moral(?!) da Casa Pia foi hoje condenado por práticas pedófilas
LINK.
É por estas e por outras que eu nunca deixei que alguém se arrogasse o direito de ensinar moral aos meus filhos.
Por outro lado, ficamos a saber que Bibi era muito estimado por funcionários e alunos da Casa Pia e que nenhum deles manifestou raiva em relação a Silvino.
Palavras de Catalina Pestana
AQUI.
Esta mulher cada vez me espanta mais: o que é que ela esteve a fazer tantos anos naquela instituição?

 

Sampaio converteu-se?

A que propósito é que, num Estado laico, os contribuintes pagam dos seus impostos uma viagem de avião de um representante de uma igreja, por muito importante que ela ou o seu representante sejam?
Refiro-me à viagem do Cardeal Patriarca para Roma, oferecida por Jorge Sampaio, num Falcon da Força Aérea portuguesa.
A partir de agora, todos os altos representantes das várias igrejas estabelecidas em Portugal passam a ter direito a igual tratamento, sob pena de considerarmos que, para este Estado laico, em que todas as igrejas devem ser iguais, umas igrejas são mais iguais que outras.
Mau serviço de um presidente que me lembro de ter negado qualquer credo religioso.
Se calhar, com a idade, converteu-se.
Só que, a mim, não me agrada andar a pagar a conversão dos outros.

 

A preguiça dos portugueses


Parece que metade dos portugueses tem excesso de peso.

terça-feira, abril 05, 2005

 

Isto estava-me atravessado

Andava eu um bocado enfadado por já não ter notícias, informado apenas por um dilúvio de pormenores em torno da morte do Papa e, agora, da sua sucessão, quando deparo com esta peça rara de frontalidade e do livre pensamento no Homem das Cidades.
Aqui o cito com a devida vénia.

E enquanto milhões sofrem, rezam e choram com a morte natural de um simpático velhote de 84 anos, muito poucos se lembram deste «pormenor estatístico»:
Unicef: uma criança morre de sida a cada 15 minutos no Zimbabué.
Nos EUA a cada três horas morre uma criança por feridas de bala.
A
cada cinco minutos morre uma criança no Brasil. A maioria de doenças derivadas da fome.
A
cada 14 segundos morre uma criança vítima da degradação dos recursos hídricos.
A
cada sete segundos, morre uma criança de fome no Mundo.

 

Surpresa no feminino

Já em tempos aqui tinha recomendado um blog feminino, o Rititi, que entretanto acabou por cair na vulgaridade pelo recurso intensivo à linguagem de tasca não compensada pela riqueza de ideias.
Para aqueles que, orgulhosos da sua superioridade de machos, pensam que nada têm a aprender com as mulheres, sigam este
Sem wonderbra (nem silicone) e surpreendam-se.
Garanto-vos que apreender o pensamento feminino enriquece a cultura geral.
Recomendo particularmente este
TEXTO.

 

Até me arrepiei

Quando ontem vi Sócrates na televisão a anunciar que no próximo ano lectivo todas as faltas de professores serão substituídas por forma a não haver furos nos tempos lectivos.
Sei o suficiente da matéria para poder afirmar que na maior parte das escolas essa medida será impraticável, a manterem-se as actuais condições.
Não contesto o propósito nem o bom fundamento das intenções, o que me chocou foi entrever nessas declarações uma leviandade que foi carismática em Santana. Vi a mesma tendência para se apresentarem medidas ainda não perfeitamente delineadas e devidamente ponderadas.
O arrepio transformou-se em pânico quando Sócrates passou a bola para a ministra que também não se saiu melhor.
Espero que Sócrates não esteja a ser sensível a um certo sector que o critica por nada se saber do trabalho do governo.
Cá por mim, podem governar à vontade em segredo, desde que governem bem.

 

(Clique na imagem para aumentar)
Foto de Ahmet Zcan

 

A escolha do novo Papa

O tempo demonstrou que a escolha do Papa que agora terminou o seu pontificado, teve um inegável objectivo político de combate aos regimes comunistas.
Tal propósito foi plenamente atingido e, sobretudo, consolidou e desenvolveu o catolicismo na Polónia.
Quer isto dizer que, com a escolha deste Papa, se iniciou um processo de decisão que não passa exclusivamente pelas qualidades pessoais ou pontos de vista do eleito, mas também pela influência que pode ter na zona geográfica de que é oriundo.
Se a tendência se mantiver, pese embora a influência cada vez mais forte da Opus Dei,ou talvez por isso, iremos por certo ter de novo uma decisão baseada em razões estratégicas.
Creio que, num certo sentido, e a avaliar pelas reacções das facções mais conservadoras da Igreja, este Papa excedeu-se no exercício das suas funções. Refiro-me designadamente ao seu ecumenismo, à capacidade que teve de abrir a Igreja a outras religiões.
Não nos esqueçamos que foi este Papa que pediu desculpa aos judeus pela cumplicidade silenciosa face ao holocausto, que visitou os locais santos de outras religiões, mas que também teve a ousadia de criticar a invasão do Iraque e a guerra daí decorrente.
Assim, não me espantaria se a escolha incidisse num Papa oriundo de zonas de forte influência islâmica, tentando diminuir a crescente influência do islamismo em boa parte do globo.
Numa perspectiva diferente, mas na mesma linha, a escolha de um Papa sul-americano, poderia ser uma atitude preventiva face a uma provável expansão das tendências esquerdistas do tipo Venezuela ou fenómenos como Lula da Silva.
Se, porém, a escolha incidir numa figura grata à Opus Dei e ao seu radicalismo interesseiro, teremos certamente um Papa europeu, excessivamente conservador, que nada de bom trará para o convívio dos povos, nesta época em que alguma religiosidade é intencionalmente exacerbada no sentido de criar uma espécie de conflito religioso artificial entre oriente e ocidente.
Pode ser que me engane completamente nestas previsões, mas não creio enganar-me ao dizer que, mais que nunca, a escolha do novo Papa pode ter forte influência na vida mundial. Sobretudo desde que existe um poder quase absoluto de condução dos destinos mundiais por parte dos Estados Unidos, podendo a Igreja, sem necessitar de armas de guerra, surgir como uma espécie de contra-poder, como aliás fez o Papa agora falecido.

 

PROTESTO

Ou Socrates começa a mandar comunicados cá para fora pelo menos duas vezes por dia e põe todos os ministros e secretários de estado a falar à comunicação social ou esta coisa da blogosfera ainda acaba mal.
Ó senhor: estamos a ficar sem temas!
Ainda acabo por ter de falar sobre a sucessão do Papa.
Boa, o próximo post é sobre a minha previsão do perfil do novo Papa.
Até já.

segunda-feira, abril 04, 2005

 

Nem tudo é o que parece...

 

Por falar no diabo

Estava eu este fim de semana a ver as notícias pelo canto do olho, quando me aparece Santana consternadíssimo a falar sobre o falecimento do Papa.
Não imaginam as saudades que me deram desta insigne figura.
Devo confessar que sou dado a estas fragilidades: fui atacado pelas saudades dos tempos em que Santana e seus acólitos transformavam a política em espectáculo mediático permanente. Em que cada entrevista servia para anunciar uma medida de grande impacto logo desmentida por alguém menos irresponsável.
Devo também admitir que tenho pena daquele moço que ganhava mais que o Presidente da República e que tinha como missão promover a imagem do governo: é que, se o homem não for melhor a promover detergentes, a esta hora está no desemprego.
Mas o que mais lamento é tomar hoje conhecimento pela imprensa que não se vai candidatar à Presidência da República. Até davam gosto as campanhas do homem, sempre cheias de elevação, sem demagogias, plenas de alegorias e metáforas.
Volta Santana, o humor português não pode passar sem ti.

 

Isaltino perdeu a pena, não há mal que lhe não venha

Estranho que o processo Isaltino tenha estado dois anos parado. Desculpas com a necessária colaboração de entidades da Suíça não colhem: será que foi preciso pedir autorização à polícia suíça para se fazerem as buscas?
Se vestígios houvessem, Isaltino já teria tido tempo para, inclusivamente, demolir a casa e construir outra por cima.
É claro que nem me passa pela cabeça que isto tenha que ver com o facto de o partido de Isaltino ter estado entretanto no poder.

 

Só muda o nome...

Recebi vários mails abordando o tema da mudança de nome do blog.
Também nos comentários, a título de exemplo, surgiu a ideia de que a mudança teria transformado este blog numa espécie de página não oficial do PS.
Face a isto, importa esclarecer todos os leitores e não apenas aqueles que aqui deixam os seus comentários, que o blog não muda em nada a sua atitude.
Aliás, se o facto de haver uma maioria de esquerda na actual governação conduzisse à mudança de nome, essa alteração já teria sido feita.
Recordo que a postura de crítica (propósito e marca deste blog) manteve-se mesmo depois das eleições.
Vejam-se nesse sentido as críticas atempadamente feitas ao ministro das Finanças mesmo antes de tomar posse, a Vítor Constâncio e Silva Lopes.
Não existe da parte do autor do blog subserviência política ou clubite partidária.
Mantém-se a linha de rumo, mas não faz parte da personalidade do seu autor adoptar a atitude típica de conversa da treta de criticar apenas para não estar calado, sem fundamento. E, por certo, não irei criticar aquilo com que concordo.
Fica aqui o desafio: não me peçam que critique este governo porque não tomou atitudes de direita, mas desanquem à vontade se deixar passar demagogia, compadrio, vigarices ou favorecimentos. Se isso acontecer, dêem-lhe porque é sinal que o homem se deixou dormir.
Quando tal se justificar, o lema que surge na foto da esquerda surgirá de novo.
Até lá, o blog continuará, como sempre, endiabrado.

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