quarta-feira, agosto 31, 2005

 

A ler


A explicação, verdadeiramente detalhada, AQUI.

 

Futebolite aguda

Só um país muito estranho, com jornalistas mais estranhos ainda, pode conferir a dignidade de transmissão em directo à contratação de um jogador de futebol, seja ele de que clube for.
Será provavelmente a mesma atitude que faz com que o jornal mais lido seja um jornal de futebol.
Com os problemas nacionais que temos, com o país a arder e a cair aos bocados, somos levados a concluir que a contratação de um jogador de futebol é um passo significativo na melhoria da situação dos portugueses.
Dizia-se, no tempo do fascismo, que Portugal era o país dos três Fs: Fátima, Fado e Futebol.
Perdemos o Fado, ganhamos o Big Brother e a Quinta das Celebridades.
Quanto a Fátima, continua presente e, segundo os resultados de 2004, uma das empresas mais prósperas do país.

terça-feira, agosto 30, 2005

 

Octogenários ao poder

Tenho o maior respeito pela figura de Mário Soares. O mesmo não posso dizer relativamente a Cavaco Silva e, independentemente de quem forem os candidatos à P.R., aqui farei campanha contra Cavaco, recordando os melhores momentos do seu reinado como primeiro-ministro.
Parece-me, porém, que a candidatura de Mário Soares é um mau sintoma da política nacional.
Será que neste país não há ninguém com perfil e vontade para representar a esquerda e o centro, sem que tenha de vir um octogenário tentar travar a provável vitória da direita? Têm de ser os políticos em fim de vida a assegurar o funcionamento das instituições democráticas?
Quando esta geração morrer, será provavelmente a vez dos políticos de aviário ou da política espectáculo, ao melhor estilo de Santana Lopes ou Paulo Portas.
Triste futuro nos espera.

segunda-feira, agosto 29, 2005

 

Somos um país rico

Os manuais escolares têm aquele luxo todo, com papel de altíssima qualidade e boas capas, por terem grande longevidade, isto é, por durarem para muitos anos ou será porque os pais adoram gastar muito dinheiro com os manuais dos filhos?

 

Séria?

Segundo dizem os responsáveis pelo sector das gasolineiras, o consumo de combustíveis está a diminuir em Portugal.
Parece que a culpa é do preço.
Como o petróleo continua a aumentar e não me parece que a tendência venha a ser invertida, seria uma boa oportunidade para governo e autarquias fazerem uma aposta séria (?) nos transportes públicos.
É que, para já, é só uma questão de poupança, mas para muitos, em breve, será absolutamente incomportável deslocarem-se para o trabalho em viatura própria.
Ganhava o ambiente com menor poluição, ganhavam as contas externas por se comprar menos petróleo e ganhava a bolsa de cada um ao diminuir os encargos com o malfadado carro.
Nota: a interrogação junto à palavra séria, significa que apostas sérias vindas da nossa administração local ou central só pode ser ironia…

sábado, agosto 27, 2005

 

Uganda: os filhos da guerra


Foto de Bruno Stevens

 

Foto de Bruno Stevens no Human Rights Watch

 

Para ler

no "anarca constipado" este pequeno mas acutilante filhos bastardos de um país de merda.

 

Brincar aos países

Esta NOTÍCIA, ao referir que Portugal deixou de ser apetecível para o investimento estrangeiro, sendo substituída por países como a Polónia, a Republica Checa ou a Letónia, demonstra à evidência que temos andado a brincar aos países. Todos, dos governantes ao cidadão comum.
É certo que os antigos países de Leste estiveram sob regimes comunistas e que uma das apostas destes sempre foi o ensino, enquanto nós estivemos sob um regime bafiento de sacristia. Mas a democracia já tem trinta e um anos em Portugal: são três décadas que se têm feito sem um rumo definido, com avanços e recuos.
Os novos destinos do investimento são países com uma mão-de-obra disciplinada mas sobretudo bem preparada.
No nosso caso, os milhões que têm sido gastos em formação profissional parecem não produzir grande efeito.
Os polacos bem podem ter as piores estradas da Europa comunitária, conjuntamente com os checos terem um parque automóvel ridiculamente velho, terem menos telemóveis e televisões que nós: eles têm futuro, nós temos o passado glorioso dos descobrimentos e uma classe política que se move no corredor estreito entre Lisboa e o Algarve, e trabalhadores que em simultâneo trabalham e discutem as diatribes do futebol ou do Castelo Branco.
Temos a sorte que merecemos: espera-nos o empobrecimento progressivo.

sexta-feira, agosto 26, 2005

 

Regresso (2) A Alemanha

É frequente ouvir da boca dos portugueses que se deslocam ao estrangeiro, que isto aqui é uma choldra e que lá fora é que é bom. Muitas vezes esta afirmação mais não é do que a manifestação de um certo provincianismo de quem visita em grupo, numa viagem de agência, duas ou três metrópoles europeias. Nestas viagens não conhecem as pessoas, as zonas periféricas ou as rurais. Depois de estarem numa cidade com mais de cinco milhões de habitantes concluem que lá fora é que é bom.
Como é que alguém, que da França conhece Paris e os seus monumentos, pode saber que as fábricas de calçado francesas estão a encerrar por “deslocalização”? Ou que dois terços da França estão em seca severa? Seria a mesma coisa que alguém achar que ao visitar Lisboa ficou a conhecer Portugal e a compreendê-lo.
Tenho sempre receio que as minhas interpretações resultantes da vadiagem pela Europa sejam classificadas no mesmo sentido.
Com algumas interrupções, há cerca de vinte anos que me vou perdendo pelas estradas europeias, sem rumo nem obrigação de permanência num qualquer lugar, com a liberdade que me dá o facto de trazer a casa às costas.
Este ano, tinha como principal objectivo conhecer o Sul da Alemanha e ir a Auschwitz.
Passado que foi o primeiro impacto da simpatia fria dos germânicos, comecei a detectar as causas dos sintomas que estão à vista.
A excelente organização em todos os domínios, a qualidade de tudo o que se produz ou dos serviços que se prestam, é o resultado da forma como se encara o trabalho, o desempenho de funções, em suma, uma postura perante a vida.
Os alemães e os austríacos são provavelmente os melhores condutores do mundo: utilizam sempre o pisca, respeitam os limites de velocidade e os sinais de trânsito e facilitam a entrada nas auto-estradas mudando de faixa sempre que possível.
Fazem-me inveja os equipamentos sociais, os espaços urbanos não só arrumados mas também embelezados.
Nota-se que quem comanda os destinos daquele país e das cidades tem consciência do que é o serviço público, do que é servir a comunidade.
Fica-me a ideia que não adianta pedir favores que atropelem a legalidade ou prejudiquem o bem comum: leis bem feitas e bem assimiladas por todos conduzem a uma adesão espontânea.
Um exemplo de rigor e organização é a entrada nos castelos do Luís da Baviera, Neuschwanstein: quando compramos o bilhete, este tem a hora de entrada para cada grupo de vinte pessoas. O horário é rigorosamente respeitado apesar das cerca de três horas de espera.
Um país assim organizado e com uma atitude global assim consolidada terá sempre futuro, independentemente das vicissitudes de percurso.No entanto, nota-se tanto nos alemães como nos austríacos aquilo que já tinha reparado nos franceses: uma certa contenção, um certo receio do futuro imediato em termos económicos, bem patente na pouca percentagem de veículos de último modelo que circulam nas estradas.
Já agora, fiquem a saber que, excluindo os combustíveis que são bastante mais caros do que entre nós, tudo é ao mesmo preço ou até mais barato do que em Portugal, particularmente se recorrerem a supermercados.

quinta-feira, agosto 25, 2005

 

E se de repente

o Serviço Nacional de Bombeiros ou a Protecção Civil começassem a exigir aos donos dos pinhais sem manutenção (a começar pelas matas não limpas do próprio Estado) o custo do combate aos incêndios?
Por que raio de cargas de água é que hei-de ser eu e tantos como eu a pagar o desmazelo e incúria dos outros?
Faz-me lembrar uma cartita simpática que as seguradoras me enviam, dizendo que, por causa dos acidentes dos outros, me vão actualizar o preço do seguro automóvel: este sistema deve ter lógica, mas eu não a entendo.

 

Confirmação autárquica

As declarações do número dois da autarquia do Porto, Paulo Morais, confirmam aquilo que eu disse no post anterior.
Agora, se o sistema judicial ainda funcionar, deve Paulo Morais ser chamado para dizer quem, como e onde existe a corrupção nas autarquias.
Quanto à idiotia das decisões referida pelo autarca, ainda não é crime mas deve ser divulgada.
A notícia aqui.


quarta-feira, agosto 24, 2005

 

Autarquias em crise

Na sequência do último relatório do Banco de Portugal, ficamos a saber que as autarquias aumentaram brutalmente as despesas e o endividamento este ano.
Ao que parece, é a fúria eleitoraleira que leva os autarcas a quererem apresentar obra (por via de regra de fachada) em fim de mandato.
Só este hábito já seria, por si mesmo, condenável. Assume, no entanto, maior gravidade quando se exigem sacrifícios ao comum cidadão e se promete que, em consequência desta fúria despesista, vão ser exigidos novos sacrifícios aos portugueses.
Nada me move contra os autarcas que não seja aquilo que está à vista de todos um pouco por todo o lado. Mas acentua-se a ideia de que as autarquias são um estado dentro de outro estado, funcionando em roda livre.
O que agora fica demonstrado é que existe uma muito débil consciência do bem comum e da utilização da coisa pública por parte de muitos autarcas. Significa que, neste sentido, exercem o seu cargo com muito pouca seriedade. Que ser sério no trabalho não é apenas não ser ladrão ou vigarista.
Como de costume, nós pagaremos a factura.

segunda-feira, agosto 22, 2005

 

Coimbra sufocada


Subitamente, bem no centro da cidade, chovem bombas incendiárias sob a forma de casca de eucalipto em brasa, logo ateada pelo vento.
A imagem é do pequeno pinhal nas traseiras da minha casa e foi tirada às 4 horas.
Para complicar a situação, as mangueiras que todos tinhamos disposto estrategicamente, não tinham água, tal era o volume de utilização das bombas de incêndio pelos bombeiros. Valeu a água das piscinas e de um furo de uma das casas para evitar males maiores.
A tentativa de passar os carros para a frente das casas mostrou-se infrutífera: os mirones, que toda a noite correram a cidade sem prestarem qualquer auxílio quando ele era possível, tinham ocupado a rua. Deu-me vontade de lhes soltar o cão.
Agora, a atmosfera mantém-se irrespirável e o fumo continua a libertar-se de vários pontos onde as brasas ainda vão moendo.
Como se vê, os incêndios flortestais não são um fenómeno exclusivamente rural.

domingo, agosto 21, 2005

 

Sensatez procura-se...

Não sei quem tem razão ou mesmo se alguém a tem ou se assiste verdade aos dois lados em Israel.
Mas tenho para mim como certo que a utilização das crianças como meio de chantagem emocional e show-off para os media, abona muito pouco sobre o carácter de quem o faz.
Parece, mais uma vez, que não há limites para a afirmação política nos tempos que correm. Vale tudo.
Por momentos senti o mesmo que com o caso dos Tchetchenos na Rússia: violência sobre crianças, desta vez por iniciativa dos próprios pais.
As crianças, assim envolvidas pelos progenitores, não serão por certo os fautores da paz no futuro: o radicalismo vai-lhes ficar tatuado na alma.

 

Regresso (1)

Nos últimos quatro anos interrompi as minhas deambulações estivais pela Europa para conhecer destinos tropicais.
Mas fazia-me falta o termo de comparação europeu. Essas férias europeias sem destino marcado, permitiam-me conhecer não só outros modos de ser mas também outros modos de fazer.
Troquei a velha caravana, já com 14 fiéis anos, por uma mula e fiz-me à estrada tendo como destino final Auschwitz e, pelo meio, a Baviera e Praga.
Eu explico: mula foi o nome que o pessoal cá de casa deu a uma espécie de casa com rodas e motor. Uma coisa absolutamente autónoma, que só tem o defeito de gastar mais do que seria desejável, com o gasóleo além Pirinéus a andar na casa dos 1,15 €.
A primeira impressão que vos deixo é a da falta de democraticidade da chuva: desde que cheguei à Alsácia, em 22 dias, só tive três sem chuva. Muita ou pouca, lá vinha a dose habitual. Entretanto, daqui chegavam notícias de temperaturas a rondar os 40 graus.
Acabei por estar em 10 países e fazer 9.100 kms.
É das minhas impressões que vos vou falar nos próximos posts. Começando por Auschwitz, mas principalmente por Birkenau que me espantou pela dimensão: uma coisa é saber que isto existiu, outra bem diferente é estar lá…
Depois fica a minha visão dos países que pertenceram ao Pacto de Varsóvia e ainda da Eslovénia e Croácia onde fui parar para ver se intervalava da chuva, sem resultado, diga-se.

sábado, agosto 20, 2005

 

Voltei

Foi tal a trapalhada dos últimos dias de trabalho, que me esqueci de deixar um adeus aos que por aqui me vão aturando.
Ficam as desculpas, embora tardias...
Deve ser das férias, venho danado para escrever.
Até logo.

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