quarta-feira, março 29, 2006

 

O Partido Sexy e outras histórias

Comecemos pelo Partido Sexy.
Quando Sócrates explicava no Parlamento, a propósito do encerramento da sala de partos de Elvas, que não se pode manter aberta por haver 0,7 partos por dia, Pires de Lima interrompe Sócrates dizendo: “Tragam as espanholas”. Ao que Sócrates responde: “Isso é argumento, Sr. Deputado? O PP passou a ser o Partido Sexy!!!
Pergunto eu: Isto são modos de discutir os problemas nacionais?
Passemos aos protestos contra algo e também contra o seu contrário.
Em Odemira perspectiva-se o encerramento da penitenciária de mulheres. Fortes protestos, parece que a penitenciária trouxe outro movimento à terra, com os visitantes a sustentarem o comércio local. Porém, quando da sua criação, foram grandes os protestos porque se temia que os visitantes fossem perturbar a ordem pública.
Fazem-me lembrar os professores: primeiro protestaram porque tinham de concorrer todos os anos e mudar sistematicamente de terra. Agora que o governo criou os concursos plurianuais, vai de protestar porque estão muito longe de casa.
E agora um must!
Um tipo é julgado de novo e, desta vez, absolvido, porque se provou que não tinha violado a amante. Eram, de facto, amantes. Diz o agora absolvido que nem está em causa a indemnização que vai receber do Estado por ter sido indevidamente condenado, diz ele que é um problema de valores, que toda a gente o acusava de violador.
Moral da história: que andasse sexualmente envolvido com uma mulher casada, não é um problema de valores, mas ser acusado de violador, isso sim…
Enfim: estamos mesmo perante um problema de escalas de valores.
Como diria a minha avó: o mundo está maluco!

segunda-feira, março 27, 2006

 
Estacionamento de bicicletas na estação central de Copenhaga. Ilustra à evidência o texto anterior.

 

Impressões da Dinamarca

A primeira impressão que se tem de Copenhaga é a de uma cidade sem trânsito. Não há filas nem engarrafamentos.
Sobressai também a uniformidade de volume dos edifícios, sem grandes torres, à excepção de uma ou outra nos arredores. Voltaria a encontrar esta imagem em Estocolmo.
Apesar da temperatura máxima de zero graus, deparei-me com um maior número de bicicletas a circularem em pistas próprias do que na Holanda. Verdadeiramente, circulam mais bicicletas e transportes públicos do que automóveis.
Acresce que não se vê qualquer veículo a circular em excesso de velocidade. Parece um povo sem pressa.
E aqui surge a segunda impressão forte desta cidade: a expressão de tranquilidade dos dinamarqueses. Não se vêem rostos crispados, tensos. Em todo o lado somos atendidos com disponibilidade e simpatia, expressa num sorriso de boas-vindas.
É uma cidade que, sem ser propriamente bonita, agrada pela limpeza, pela arrumação dos espaços, pela ausência do atafulhamento de carros nas ruas, tão próprio das cidades do Sul.
O contacto com os dinamarqueses reserva ainda uma agradável surpresa: toda a gente, literalmente toda, fala inglês. Desde a empregada do hotel que arruma as mesas, a quem eu pedi um café para recuperar de uma noite mal dormida à conta da Ibéria, até ao revisor do comboio. E falam um inglês correctíssimo!!!
Vamos agora ao lado mau da coisa.
Preço de um café, mesmo que seja ao balcão: 4,50 €. Isso, novecentos paus!
Uma cerveja: 4 €. Isso mesmo, Oitocentos escudos, em dinheiro de gente!
Uma refeição abaixo de 15 €, só se for de piza e não se pode comer muita.
Isto é, o custo de vida para o desgraçado, improdutivo e deficitado português, é uma catástrofe.
Até os bilhetes de comboio são pela hora da morte.
E, no entanto, aquela gente tem um ar de felicidade que deixa antever salários altos e benefícios sociais que lhes dão a tranquilidade que se vê…
Já agora: apesar das ameaças muçulmanas, saímos do avião, atravessamos o edifício do aeroporto e ninguém nos pede passaporte, não se vê um polícia sequer. Parece que não os levaram muito a sério, porque, mesmo nas ruas, durante aqueles dias todos, apenas vi um carro da polícia.
Em suma, tirando o custo de vida, fiquei cliente.
E se sois leitores machos, ficai sabendo que se vêm nas ruas as caras mais bonitas que se possam desejar: um verdadeiro bálsamo, para quem teve de suportar temperaturas que chegaram aos cinco negativos.

terça-feira, março 07, 2006

 

Ibéria - uma companhia de vigaristas

Peripécias de um viajante da Ibéria

Leiam, divulguem e depois não digam que não vos avisei.
À primeira soa a percalço, à segunda, cheira a esturro, à terceira patenteia-se como vigarice.
Fica aqui o aviso, sob a forma de relato, para todos os que decidam voar pela Ibéria fazendo escala em Madrid.
Já há algum tempo me tinha acontecido demorar 16 horas de avião de Paris a Lisboa. Foi na Ibéria, o avião fazia escala em Madrid, devia chegar à noite a Lisboa. Quando aterra em Madrid, dizem-nos que só poderemos continuar no dia seguinte e enfiam-nos num hotel.
Nessa altura, achei que qualquer companhia de aviação pode ter um percalço e a coisa passou.
No passado dia 23 de Fevereiro, caiem dois grupos num total de 51 pessoas de Lisboa com destino a Copenhaga, em aviões separados, sobrando para o segundo avião 21 pessoas, nas quais ia este desventurado blogueiro. Logo ao conferir os horários verifiquei que o segundo voo chegaria à tangente para se juntar ao primeiro grupo e seguir no mesmo avião de Madrid para Copenhaga.
O avião que nos levaria a Madrid chegou com cerca de 45 minutos de atraso. É claro que nunca chegaria a horas da ligação seguinte. Isso tornou-se evidente. O que nós só mais tarde saberíamos era que o avião que nos deveria levar para Copenhaga saiu a horas e completo, tão completo que um dos elementos do grupo foi enviado noutro avião via Amesterdão (!).
Significa isto que nós não caberíamos, por qualquer engano, pensámos nós, num momento em que ainda não insultávamos as santas mães dos tipos da Ibéria, tinham sido vendidos mais bilhetes do que a capacidade do avião.
Chegados por volta do meio-dia a Madrid, dizem-nos que só poderemos continuar no dia seguinte. Face aos fortes protestos de quem tinha a agenda preenchida para todos os dias seguintes, lá nos enviaram para Barcelona.
Chegados a Barcelona os funcionários da Ibéria dizem desconhecer qualquer reserva para este grupo com destino à Dinamarca.
Depois de muitos telefonemas, metem-nos num avião de uma companhia esquisita escandinava e chegamos finalmente à meia-noite quando devíamos ter chegado por volta das 15 horas. Mas malitas é que nada, nem uma. Depois de termos reclamado lá fomos para o hotel onde as malas chegaram passadas 24 horas.
Agora vamos à viagem de regresso.
Chegamos ao aeroporto de Copenhaga e dizem-nos que para a Ibéria nós nunca chegámos: não há bilhetes nenhuns de regresso a Lisboa. Mais telefonemas, tratámos de bloquear todos os balcões de check in e começam a saltar as surpresas: uma das passageiras que tinha tido uma viagem normal tinha o seu bilhete de regresso cancelado, apesar de ter um bilhete electrónico!!! Não houve volta a dar-lhe: teve de comprar novo bilhete para Madrid, na esperança de que aqui, sede da empresa, lhe resolvessem o problema. Teve de comprar novo bilhete para Lisboa. Resultado: viagem de Copenhaga para Lisboa = 600€!!! Em cima do que já tinha pago.
Quanto ao grupo de 21 náufragos da Ibéria, lá seguiram para Madrid, mesmo em cima da hora de embarque.
Chegados a Madrid, todos os 51 recebem a notícia de que só continuam para Lisboa no dia seguinte. Mais uns insultos, mais uns elogios à honestidade da empresa e às virtudes das mães e mulheres deles e não desarmam: enfiam-nos num hotel com um jantar michuruca, com um pequeno-almoço de dois queques pré-fabricados e vais para Lisboa com 12 horas de atraso que a gente está aqui para ganhar dinheiro e não para servir bem ou ser simpática. Resta acrescentar que os lugares de toda a gente no voo de regresso tinham o número XXX. Cheguei a perguntar à hospedeira se era um voo pornográfico, com direito a strip tease, no mínimo. Pensei até que fosse uma forma de indemnização do pessoal, mas não, era mesmo a sério…
Por isso, meus caros amigos, sempre que viajarem na Ibéria com escala em Madrid, fiquem sabendo que não têm a continuação assegurada, porque a Ibéria só voa com aviões cheios e, sempre que possível, adia os voos para os rentabilizar.
Digam lá que os rapazes não têm tanto de espertos como de desonestos?
Desculpem o desabafo: senhores da Ibéria, vão para a real puta que vos pariu, que a mim nunca mais apanham a viajar nessa companhia de vigaristas.

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