quarta-feira, março 23, 2005

 

A questão do aborto

Esta questão está condenada ao insucesso.
A posição do PCP é, do ponto de vista teórico, a mais acertada. Na realidade, havendo um consenso de uma muito larga maioria dentro da Assembleia da República, a solução mais óbvia passaria por uma mudança da actual lei dentro da própria Assembleia.
O problema é que, se um dia num qualquer arranjo eleitoral o PSD tem de ceder ao CDS nessa questão e obtiverem maioria, teremos imediatamente o regresso à lei na sua actual configuração. O que não acontecerá se a mudança resultar de um referendo, por falta de legitimidade.
Fazendo-se o referendo, como vai acontecer, teremos uma situação semelhante à do anterior em que o pessoal está de férias ou decide ir para a praia porque até está bom tempo e porque, no fundo, funcionará esse sublime raciocínio segundo o qual "isso é problema das gajas".
Arriscamo-nos a que os portugueses se ponham de fora por considerarem que em nada os afecta se as mulheres vão ou não presas por abortarem. Aliás, como é sabido, muitas das vezes, o co-autor da gravidez acaba por se pôr de fora pela simples razão de que até nem é ele que está grávido.

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