terça-feira, abril 26, 2005

 

Objectivo: ultrapassar a Grécia!!!

Se não forem tomadas medidas, dentro de quinze anos seremos o segundo país mais pobre da Europa comunitária. A notícia é animadora, porque significa que se continuarmos paradinhos, dispersos em discussões estéreis, confundindo o essencial e o acessório, teremos ultrapassado a Grécia e poderemos dizer, como no futebol, que tivemos uma vitória moral: já não seremos, como hoje, os últimos!
Até poderíamos dizer que, numa Europa dos ricos, ser penúltimo não é assim tão mau: tudo depende do termo de comparação e, à escala mundial, essa classificação poderá traduzir-se num bom posicionamento.
Mas tudo isso seriam desculpas para continuarmos a não fazer ou fazermos devagarinho, de forma errática, com avanços e recuos, sem um objectivo nacional definido.
Os mais novos conhecem os números, as estatísticas que comparam o início da década de setenta com a actualidade. Mas é preciso ter vivido esse tempo, ter sentido ao vivo aquilo que as estatísticas não permitem visualizar, para entender que entre aquilo que Portugal era e aquilo que é hoje, passados 31 anos sobre o 25 de Abril, existe a distância de um universo de diferenças.
E muitos, incluindo políticos de raciocínio básico, pensam que a revolução apenas acarretou democracia. Enganam-se: a consequência mais importante seria a mudança de mentalidades. Nesse aspecto, o insucesso foi razoável: muitos dos intervenientes da política, da administração pública e da sociedade em geral, ainda não interiorizaram, em rigor, uma atitude plenamente democrática.
Face à situação em que fomos caindo de nada adianta dizer que a culpa é de A, B ou C.
A nossa posição europeia dentro de quinze anos não será o fruto da governação de Guterres ou das palhaçadas de Santana.
Será o fruto de governações bandalhas, uma atitude política geral de demagogia com vista à conquista do poder, mas também de uma atitude colectiva de porreirismo, de irmos puxando o trabalho pelas orelhas.
Hoje, como há trinta e um anos, somos um país que vive a semana à espera dos resultados do futebol do fim de semana, que vive na ilusão de um D. Sebastião primeiro ministro que lhe resolva os problemas para, num golpe de mágica, reencontrarmos a árvore das patacas e vivermos à sombra da bananeira, finalmente livres para podermos discutir sem pressas ou má consciência, a actuação do árbitro, as diatribes da quinta das alarvidades ou o próximo episódio da telenovela. Estas sim, as grandes questões nacionais e que nos levarão à linha da frente e ao seio dos grandes.

|

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?