domingo, abril 17, 2005

 

A música dos faraós

Inaugurou-se esta semana a Casa da Música no Porto. Esta cidade bem merece, que Portugal não é só Lisboa. Merece esta e merecem também todas as capitais de distrito, na sua maioria reféns da mediocridade de algum cinema pronto a comer.
E foi inaugurada com toda a pompa e circunstância adequadas a tão ilustre espaço.
O que me admira é que quem a inaugurou, todas aquelas figuras engravatadas e de fato escuro, não estivessem coradas até às orelhas.
É que aquele equipamento cultural deveria também ter uma lápide bem visível onde se dissesse: Aqui jaz a gestão pública nacional.
Aquela casa, mesmo em silêncio, dá-nos música!
Um projecto que resulta seis vezes mais caro do que o previsto não constitui em si um erro de gestão: atesta à evidência o desprezo pelo dinheiro público, dos nossos impostos.
E ninguém é punido? Ninguém vê o seu nome condenado na praça pública para que, no futuro, nem uma barraca de farturas possa gerir? Já ninguém se espanta?
Se calhar já perdemos a capacidade de nos espantarmos.
Administrados por irresponsáveis e incompetentes, comentamos os resultados mas não nos indignamos: ainda não nos libertámos da mansidão a que Salazar nos condicionou.
E cinco cidades poderiam ter também uma casa da música… Ou equipamentos desportivos não dedicados ao futebol… Ou bibliotecas dignas desse nome…
É caso para dizer: vão jogar o pau com os ursos!

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