terça-feira, abril 05, 2005

 

A escolha do novo Papa

O tempo demonstrou que a escolha do Papa que agora terminou o seu pontificado, teve um inegável objectivo político de combate aos regimes comunistas.
Tal propósito foi plenamente atingido e, sobretudo, consolidou e desenvolveu o catolicismo na Polónia.
Quer isto dizer que, com a escolha deste Papa, se iniciou um processo de decisão que não passa exclusivamente pelas qualidades pessoais ou pontos de vista do eleito, mas também pela influência que pode ter na zona geográfica de que é oriundo.
Se a tendência se mantiver, pese embora a influência cada vez mais forte da Opus Dei,ou talvez por isso, iremos por certo ter de novo uma decisão baseada em razões estratégicas.
Creio que, num certo sentido, e a avaliar pelas reacções das facções mais conservadoras da Igreja, este Papa excedeu-se no exercício das suas funções. Refiro-me designadamente ao seu ecumenismo, à capacidade que teve de abrir a Igreja a outras religiões.
Não nos esqueçamos que foi este Papa que pediu desculpa aos judeus pela cumplicidade silenciosa face ao holocausto, que visitou os locais santos de outras religiões, mas que também teve a ousadia de criticar a invasão do Iraque e a guerra daí decorrente.
Assim, não me espantaria se a escolha incidisse num Papa oriundo de zonas de forte influência islâmica, tentando diminuir a crescente influência do islamismo em boa parte do globo.
Numa perspectiva diferente, mas na mesma linha, a escolha de um Papa sul-americano, poderia ser uma atitude preventiva face a uma provável expansão das tendências esquerdistas do tipo Venezuela ou fenómenos como Lula da Silva.
Se, porém, a escolha incidir numa figura grata à Opus Dei e ao seu radicalismo interesseiro, teremos certamente um Papa europeu, excessivamente conservador, que nada de bom trará para o convívio dos povos, nesta época em que alguma religiosidade é intencionalmente exacerbada no sentido de criar uma espécie de conflito religioso artificial entre oriente e ocidente.
Pode ser que me engane completamente nestas previsões, mas não creio enganar-me ao dizer que, mais que nunca, a escolha do novo Papa pode ter forte influência na vida mundial. Sobretudo desde que existe um poder quase absoluto de condução dos destinos mundiais por parte dos Estados Unidos, podendo a Igreja, sem necessitar de armas de guerra, surgir como uma espécie de contra-poder, como aliás fez o Papa agora falecido.

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