quarta-feira, abril 20, 2005

 

Um Papa que foi nazi?

É certo que mudar de opinião não é crime.
Certo também que figuras mais ou menos notáveis têm mudado de opinião e, nalguns casos, de forma radical. Vejam-se os exemplos de Pacheco Pereira, Durão Barroso, Zita Seabra ou Freitas do Amaral.
Mas há factos na vida de uma pessoa que deixam uma mancha quase impossível de apagar.
Refiro-me ao actual Papa.
O homem tem um currículo que me atrevo a classificar de pouco recomendável.
Militar na juventude hitleriana, desertar do exército nazi, ser preso pelo exército americano, é um percurso que em nada abona sobre o carácter do homem que agora é Papa.
Pelo menos o anterior, enquanto jovem, experimentou o que é estar do lado dos oprimidos.
Mas, pelos vistos, o actual Papa também não mudou com a idade, visto que as posições que lhe são conhecidas o colocam dentro do grupo dos mais ortodoxos.
Não será o melhor para aqueles cristãos que gostavam de ter uma Igreja mais consentânea com a vida actual.
Atrevo-me mesmo a dizer que não será o melhor para uma mundo materialista e desumanizado como é este em que vivemos.
Face à tendência actual de cocacolonização, uma Igreja mais realista poderia temperar as tendências mundiais e polarizar a opinião pública mundial para atitudes e filosofias de vida diferentes destas que estão em moda.
Desaparecido que foi o comunismo enquanto alternativa de pensamento, a Igreja poderia assumir esse papel de alternativa ao capitalismo selvagem e glutão que alastra como se fosse uma doença incurável.
Algumas consequências positivas, no entanto, resultam desta escolha.
Em primeiro lugar, a adiantada idade do escolhido irá permitir uma regência previsivelmente curta e, assim sendo, os eventuais erros estratégicos poderão ser mais rapidamente rectificados.
Em segundo lugar, a anunciada ortodoxia do novo Papa continuará a afastar do convívio da Igreja muitos que não se identificam com os conceitos de incidência prática tradicionalmente defendidos: para quem entende as religiões como fonte de bloqueios de raciocínio ou do livre arbítrio, esta será uma consequência positiva.
Sem querer cair em heresia, deixo um voto: que Deus o ilumine. Parece-me que irá precisar de grande intensidade de corrente.

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