segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Acabou a humilhação
E pronto, agora sim... Com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez vai ser um corropio.
É vê-las saltitando alegremente enquanto se dirigem para a maternidade ou clínica mais próxima.
Aliás, sempre achei que estes estafermos, se não fizerem um aborto pelo menos de dois em dois meses, já não andam bem.
Parece-me também evidente que nada melhor para a vida de uma criança ou da mãe, do que ter um filho indesejado. Nada como uma gravidez contrariada para se atingir a felicidade máxima!
Falando sério.
Estou convencido que se forem feitos referendos para todas as matérias, a divisão social vai ser mais ou menos a mesma.
Não tenho dúvidas que, se estivesse a ser referendado o divórcio, viriam os mesmos de sempre falar nos valores da família a qualquer preço, nos sagrados laços do matrimónio, enfim, os argumentos do costume.
Este referendo mostrou, para quem tivesse dúvidas, que há um país a duas velocidades e que isso não se nota apenas no desenvolvimento económico.
Existe um país imobilista, agarrado ao passado e ao ambiente bafiento de sacristia, que convive com um país que se renova e se alinha pela Europa do séc. XX. Não, não me enganei, queria mesmo dizer séc. XX, porque aquilo que agora se decidiu em referendo, faz parte da normalidade consensual de países tão bárbaros e atrasados como a Alemanha, a Inglaterra ou a Suécia.
É certo, também, que já a democracia era o modo normal de vida nesses países há muitos anos, quando em Portugal a mesma se consagrou.
Pelos vistos, estamos condenados a ser sempre dos últimos a chegar...
No fundo, esta questão resume-se a algo tão simples como isto: quem somos nós para dizermos a uma mulher se deve ou não prosseguir uma gravidez?
Porque não respeitarmos o direito da mulher a fazer o que quer com o seu corpo?
O princípio é o mesmo que deve ser aplicado quando se trata de minorias: não temos o direito de as desrespeitar. Isto sim, é uma questão de valores e de respeito pelos outros na sua alteridade.
E porque é que não me pronunciei antes do referendo?
A questão é simples: o que é que se responde quando nos argumentam que o aborto tem de ser proibido para aumentar a população do país? E quando se chama bebé a um feto com cinco ou seis semanas? E quando se baralham propositadamente os conceitos de vida e se diz implicitamente que agora as mulheres vão desatar a abortar desenfreadamente?
Nada como o desprezo contido no silêncio...
E agora experimentem submeter a referendo os limites de velocidade na estrada e imaginem os resultados.
Há coisas que não podem ser referendadas: qual seria o resultado de um referendo feito no Irão ou na Arábia Saudita, acerca do uso do véu ou dos direitos em geral da mulher?
Eu também sou daqueles que acham que esta questão podia e devia ter sido resolvida na Assembleia da Republica.
É vê-las saltitando alegremente enquanto se dirigem para a maternidade ou clínica mais próxima.
Aliás, sempre achei que estes estafermos, se não fizerem um aborto pelo menos de dois em dois meses, já não andam bem.
Parece-me também evidente que nada melhor para a vida de uma criança ou da mãe, do que ter um filho indesejado. Nada como uma gravidez contrariada para se atingir a felicidade máxima!
Falando sério.
Estou convencido que se forem feitos referendos para todas as matérias, a divisão social vai ser mais ou menos a mesma.
Não tenho dúvidas que, se estivesse a ser referendado o divórcio, viriam os mesmos de sempre falar nos valores da família a qualquer preço, nos sagrados laços do matrimónio, enfim, os argumentos do costume.
Este referendo mostrou, para quem tivesse dúvidas, que há um país a duas velocidades e que isso não se nota apenas no desenvolvimento económico.
Existe um país imobilista, agarrado ao passado e ao ambiente bafiento de sacristia, que convive com um país que se renova e se alinha pela Europa do séc. XX. Não, não me enganei, queria mesmo dizer séc. XX, porque aquilo que agora se decidiu em referendo, faz parte da normalidade consensual de países tão bárbaros e atrasados como a Alemanha, a Inglaterra ou a Suécia.
É certo, também, que já a democracia era o modo normal de vida nesses países há muitos anos, quando em Portugal a mesma se consagrou.
Pelos vistos, estamos condenados a ser sempre dos últimos a chegar...
No fundo, esta questão resume-se a algo tão simples como isto: quem somos nós para dizermos a uma mulher se deve ou não prosseguir uma gravidez?
Porque não respeitarmos o direito da mulher a fazer o que quer com o seu corpo?
O princípio é o mesmo que deve ser aplicado quando se trata de minorias: não temos o direito de as desrespeitar. Isto sim, é uma questão de valores e de respeito pelos outros na sua alteridade.
E porque é que não me pronunciei antes do referendo?
A questão é simples: o que é que se responde quando nos argumentam que o aborto tem de ser proibido para aumentar a população do país? E quando se chama bebé a um feto com cinco ou seis semanas? E quando se baralham propositadamente os conceitos de vida e se diz implicitamente que agora as mulheres vão desatar a abortar desenfreadamente?
Nada como o desprezo contido no silêncio...
E agora experimentem submeter a referendo os limites de velocidade na estrada e imaginem os resultados.
Há coisas que não podem ser referendadas: qual seria o resultado de um referendo feito no Irão ou na Arábia Saudita, acerca do uso do véu ou dos direitos em geral da mulher?
Eu também sou daqueles que acham que esta questão podia e devia ter sido resolvida na Assembleia da Republica.