quinta-feira, abril 27, 2006

 

Ingratidão

Há muito tempo não praguejava tanto em frente à televisão. Aliás, só me lembro de praguejar assim quando deparo com as touradas rodoviárias dos neuróticos do volante.
Refiro-me à reportagem das cerimónias de comemoração do 25 de Abril na Assembleia da República.
Em dada altura saúdam-se os capitães de Abril. Toda a Assembleia aplaude, com excepção dos representantes do PSD e CDS.
Ando há dois dias a tentar entender, arranjar uma justificação, do ponto de vista deles, para essa atitude. Não encontro uma que seja.
Para mim, o que se passou mais não foi do que o genuíno morder na mão de quem lhes dá o pão.
Esses ranhosos (e não serão só eles), não fosse um grupo de homens atirar-se para os cornos do touro, seriam obrigados a trabalhar no duro, como todos nós, não poderiam pirar-se para o Algarve antecipando férias de Páscoa e não receberiam “prendinhas” como fruto das manobras de influências. Leia-se “tráfico de influências”.
A avaliar pela qualidade geral do seu desempenho e pela irresponsabilidade que têm demonstrado, não lhes vislumbro grande sucesso se tivessem de se atirar à vida.
Significa isto que, aquilo que são, devem-no a esses homens a quem recusam a saudação.
Foram eles que lhes permitiram brincar ao poder, viajarem em carros pagos por todos nós quando exercem funções executivas, exercitarem a sua veia demagógica e chafurdarem em geral na gamela do poder. (Para quem não sabe, gamela é o nome dado nas Beiras ao recipiente em que comem os porcos).
Assim sendo, esta atitude só pode ser atribuída a ingratidão.
Já agora: Dr. Paulo Portas, a culpa do atraso e desgraça a que chegámos não é da Constituição, mas de tipos como V.Exa. que se deleita em pregar falsas doutrinas, exagerando ao limite o exercício da demagogia, pensando que o cidadão eleitor é parvo. Continue a brincar com o poder que pode ser que ainda chegue a Presidente da República.

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