sexta-feira, abril 07, 2006

 

Fumar ou não fumar...

Antes de mais: sou fumador. Daqueles que fumam a sério, aproximadamente dois maços por dia.
Gostava de deixar de fumar. Um dia destes talvez consiga. Um dia destes talvez queira mesmo a sério.
Por ser fumador, estou à vontade para dizer aquilo que se segue.
Face à nova lei, que prevê a proibição de fumar em espaços públicos fechados, estão já a levantar-se reticências. Oiço agora na TSF que já há vozes que reclamam um período de transição, de adaptação.
Tretas.
Estive na Suécia há pouco mais de um mês. Lá, é proibido fumar em qualquer espaço fechado. Sem excepções. O único espaço livre para fumar é mesmo a rua. E nem se vêem avisos de proibição, pura e simplesmente é proibido e toda a gente sabe.
Nos hotéis só se pode fumar nos quartos, desde que estes sejam de fumadores. Em todas as áreas de utilização comum não existe espaço para fumadores.
Isto cria situações curiosas: à porta de cafés e restaurantes está o chão atapetado de piriscas, o que levou a que alguns estabelecimentos tenham colocado enormes cinzeiros metálicos junto das entradas.
Devo dizer-vos que não custa nada. É uma questão de hábito. Espera-se para fumar quando se sair. E mesmo eu, que sou fumador compulsivo, senti-me bem num edifício de restaurantes junto à Ópera de Estocolmo, sem fumo, apenas com o aroma dos diversos tipos de comida. O ambiente fica muito mais agradável. E sempre se poupam umas quantas fumadelas que inevitavelmente aconteceriam se não fosse a proibição.
Aqui há anos, num gelado mês de Dezembro, estive em Nova Iorque. Levei tabaco que dava à tangente para os dias que lá ia estar. Trouxe bastante mais de metade. Dentro dos edifícios não podia fumar, na rua o frio era de tal ordem que fumar era um martírio.
Significa isto que estas medidas resultam, quer para os fumadores diminuírem ou serem tentados a deixar de fumar quer em benefício dos que não fumam.
Mas a resistência nacional à mudança está já a manifestar-se. Parece até que somos o primeiro país a tomar esta decisão. Na Europa temos já os casos da Irlanda, Suécia e Espanha. E diga-se que aqui os nossos vizinhos fumam ainda mais que nós.
Durante anos fui daqueles que defenderam uma solução mansinha, que desse uma no cravo e outra na ferradura, que libertasse espaços fechados para fumadores.
Hoje, penso que todas as medidas que dificultem o vício são bem vindas, por muito que isso me custe.
E se me custa fazer uma viagem de oito horas de avião sem fumar…

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