quarta-feira, fevereiro 15, 2006

 

O logro do desemprego

Todos nos recordamos dos tempos em que se apregoavam as nacionais taxas de desemprego mais baixas da Europa. Era então uma das bandeiras de campanha tanto de Cavaco como mais tarde de Guterres.
Diziam os sindicatos, na altura, que tínhamos uma economia baseada na exploração de mão-de-obra barata, argumento refutado com a célebre teoria do oásis.
O desemprego dos últimos dois anos deve-se ao encerramento dessas unidades industriais que se encontravam a laborar no nosso país devido ao preço da mão de obra e que, face ao alargamento da União Europeia, passaram a ter nos antigos países de leste uma mão de obra muito mais barata, mais qualificada e mais disciplinada.
Contra isto, contra a deslocalização destas empresas que recorrem a mão-de-obra intensiva, nada há a fazer.
O drama reside no facto de os novos investimentos, que estão a ser feitos e que se venham a concretizar, não absorverem o tipo de trabalhadores que têm vindo a cair no desemprego. A economia portuguesa caminha, tem de caminhar, para as novas indústrias tecnologicamente avançadas que absorvem basicamente licenciados.
Mas ouvir dizer a um Marques Mendes, do alto da sua baixíssima figura, que a culpa do desemprego é deste governo, escondendo que a faixa etária que agora está a ser atingida “ainda é do tempo” em que o ensino além do básico era só para privilegiados, que mais tarde apanharam com as célebres formações profissionais fantasmas, concretizadas em Ferraris e vivendas, da responsabilidade de empresários vigaristas e governos irresponsáveis, é querer atirar poeira aos olhos dos portugueses e, indirectamente, chamar-nos burros.
Melhor faria se exigisse programas de inserção e requalificação concreta dessas pessoas, muitas das quais não terão qualquer oportunidade de encontrarem novo emprego: são pessoas com a antiga 4ª classe, sem qualquer especialização profissional, e com mais de 40 anos. É uma receita absolutamente desgraçada!!!
Deveriam saber, quando na década de noventa gabavam o baixo desemprego, que uma economia assim fundamentada estava condenada ao insucesso.
A reconversão da economia portuguesa, à semelhança do que tem acontecido noutros países, implicará, infelizmente, o sacrifício de uma geração que, de facto, nunca foi muito feliz.
Marques Mendes travaria imediatamente a deslocalização se conseguisse propor e aprovar a redução dos salários da indústria, para os montantes praticados na Roménia.
Até éramos capazes de ter o retorno de algumas que já se foram embora.

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