terça-feira, janeiro 03, 2006
A receita do sucesso
Quase me apetece dizer que, no meu tempo, não era nada disto.
Mas não é verdade, sempre existiram mentirosos.
A diferença está apenas na aceitação cúmplice da mentira.
Tempos houve em que a mentira era socialmente reprovada, como a desonestidade…
Hoje, quase se faz gala de ser aldrabão, trapaceiro ou mesmo vigarista. Mudam-lhes o nome e passam a ser habilidosos, desenrascados.
Inversamente, quem é frontal, sincero, cumpridor e faz jogo limpo, entrou para o clã dos otários, totós, tansos, etc.
E isto parece não ser apenas um fenómeno nacional, ainda que possa estar mais difundido cá na santa terrinha.
Vejamos: Bush mente ao povo americano sobre as armas no Iraque e ganha as eleições; na Inglaterra, idem. O mentiroso mor nacional de então, até ganha um lugar de líder europeu.
Bush afirma em directo que fez escutas ilegais, sim senhor, mas considera que o que é mesmo reprovável é denunciar esse facto publicamente. E ninguém lhe atira com um gato morto às trombas.
Por cá vamos ter um grande mentiroso na Presidência da República, um homem que teve uma ideia simples e óbvia (são as melhores na perspectiva do sucesso).
A receita é simples: faz-se o levantamento das grandes preocupações e descontentamentos do cidadão comum, sugere-se que com a sua eleição eles serão resolvidos, nunca se entra em pormenores concretos a não ser para sugerir disparates. Como aquela “sugestão”, aliás inverdade dos opositores, de um secretário de estado que, armado de pregos e martelo ou cola 3d, iria pelas empresas impedindo a sua deslocalização.
Como o homem é meio ignorante, mas não é burro de todo, sabe bem que está a mentir ao pessoal. O prémio será uma eleição à primeira volta, um mandato de silêncio para ser reeleito e uma recandidatura cheia de agora sim, desta vez não vou perdoar deslizes desses malandros todos, de qualquer cor, que ocupem o executivo…
Ganhará uma reforma consentânea, lugar no conselho de estado e terá consumado a sua vingança eleitoral.
Moral da história: mintam, caros leitores; sejam tortuosos nos vossos comportamentos; tratem das vossas vidinhas e passem por cima dos outros.
Não irão para o Céu, mas o sucesso aqui na terra é garantido.
Mas não é verdade, sempre existiram mentirosos.
A diferença está apenas na aceitação cúmplice da mentira.
Tempos houve em que a mentira era socialmente reprovada, como a desonestidade…
Hoje, quase se faz gala de ser aldrabão, trapaceiro ou mesmo vigarista. Mudam-lhes o nome e passam a ser habilidosos, desenrascados.
Inversamente, quem é frontal, sincero, cumpridor e faz jogo limpo, entrou para o clã dos otários, totós, tansos, etc.
E isto parece não ser apenas um fenómeno nacional, ainda que possa estar mais difundido cá na santa terrinha.
Vejamos: Bush mente ao povo americano sobre as armas no Iraque e ganha as eleições; na Inglaterra, idem. O mentiroso mor nacional de então, até ganha um lugar de líder europeu.
Bush afirma em directo que fez escutas ilegais, sim senhor, mas considera que o que é mesmo reprovável é denunciar esse facto publicamente. E ninguém lhe atira com um gato morto às trombas.
Por cá vamos ter um grande mentiroso na Presidência da República, um homem que teve uma ideia simples e óbvia (são as melhores na perspectiva do sucesso).
A receita é simples: faz-se o levantamento das grandes preocupações e descontentamentos do cidadão comum, sugere-se que com a sua eleição eles serão resolvidos, nunca se entra em pormenores concretos a não ser para sugerir disparates. Como aquela “sugestão”, aliás inverdade dos opositores, de um secretário de estado que, armado de pregos e martelo ou cola 3d, iria pelas empresas impedindo a sua deslocalização.
Como o homem é meio ignorante, mas não é burro de todo, sabe bem que está a mentir ao pessoal. O prémio será uma eleição à primeira volta, um mandato de silêncio para ser reeleito e uma recandidatura cheia de agora sim, desta vez não vou perdoar deslizes desses malandros todos, de qualquer cor, que ocupem o executivo…
Ganhará uma reforma consentânea, lugar no conselho de estado e terá consumado a sua vingança eleitoral.
Moral da história: mintam, caros leitores; sejam tortuosos nos vossos comportamentos; tratem das vossas vidinhas e passem por cima dos outros.
Não irão para o Céu, mas o sucesso aqui na terra é garantido.