sexta-feira, dezembro 09, 2005

 

Tempos Modernos

Se Chaplin fosse vivo teria pano para mangas para uma nova versão do seu célebre filme.
Creio, no entanto, se bem entendi o seu pensamento e sensibilidade, que iria buscar outra fonte de inspiração.
Recentemente têm passado à nossa frente indícios de um mundo que endoidou, que perdeu o rumo do sentido da vida verdadeiramente humana.
Comecemos por algo que pode muito bem acontecer em Portugal.
1. Em França, cidadãos inocentes são acusados de pedofilia, presos durante mais de três anos, até se provar por confissão das próprias alegadas vítimas que estavam completamente inocentes. Entretanto, perderam empregos, passaram por divórcios, foram proibidos de ver os próprios filhos. Bem pode o procurador-geral da República Francesa vir pedir desculpas, dizer que aquela não é a justiça que quer para França e o Estado garantir indemnizações: a paranóia da pedofilia criou uma atitude persecutória que arrasta inocentes à mistura com culpados, numa actuação imprudente.
Em Portugal, Paulo Pedroso não é levado a julgamento porque o Tribunal da Relação considerou não existirem indícios suficientes para o julgar. No entanto ouvi um advogado da Casa Pia insistir na sua responsabilidade e ligação ao caso daquela instituição, mesmo depois da sentença da Relação.
E o mal ficou feito: continuarão uns a dizer que não há fumo sem fogo e, outros, que os grandes se safam sempre.
É que, nestes casos mediáticos, a condenação pública é garantida, mesmo com absolvição judicial ou por simples investigação.
Neste sentido, de pouco adiantará a algum ou alguns dos ainda réus provarem à evidência que são inocentes: para eles, a vida não voltará a ser a mesma.
2. Eu que tenho preocupações ecologistas, dou comigo, volta e meia, a pensar se os ecologistas profissionais não abusarão da bebida, nem que seja de vez em quando.
Aqui há dias, face ao processo de engenharia que visa salvar Veneza do seu fim por submersão, apareceu uma ecologista italiana a manifestar a oposição liminar dos verdes lá do sítio porque a salvação de Florença iria prejudicar a vida marinha (!!!). Não se conhecem alternativas propostas pelos verdes.
Por cá, quando o governo apresentou o seu plano de utilização de energias eólicas, imediatamente vieram reclamar porque se iria destruir a paisagem.
Quando se vai de Munique para a República Checa existe de ambos os lados da fronteira uma vastidão de geradores eólicos, numa terra inóspita, ocupando tanto espaço que parece não ter fim. Segundo dizem os locais, não houve qualquer contestação.
Agora, num país com míngua de investimento e empregos, o projecto de uma nova refinaria é contestado porque vai provocar emissões poluentes!!!
Naturalmente, senhores ecologistas: em maior ou menor grau, por muitos cuidados que se tomem, toda a actividade humana provoca poluição.
A alternativa, deste ponto de vista descabelado, será a imobilidade, o regresso ao estado de bom selvagem que ainda não vi defender pelos ecologistas que andam de automóvel, têm ar condicionado nos seus veículos e casas e Vêem televisão, consumindo energia que gera poluição.
Se não está tudo a ficar doido…

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