terça-feira, novembro 22, 2005

 

OTArios e outros bichos

Não tenho nem informação nem conhecimentos técnicos que me permitam pronunciar-me sobre a localização do novo aeroporto na Ota ou em qualquer outro lado, mas os pronunciadores do costume têm-se pronunciado à exaustão sobre o tema de forma tão contraditória que, quem como eu não sabe, ainda fica mais confuso.
Fico à espera que, no Domingo, o Prof. Marcelo que também se pronuncia sabiamente acerca de assuntos tão diversos como vacinas ou futebol, venha finalmente trazer luz ao meu espírito obscurecido pelas sombras da ignorância.
Mas algumas coisas vou sabendo.
Em 1992, o Expresso publicava um artigo no qual enumerava detalhadamente os inconvenientes da actual localização do aeroporto, referindo, entre outros, o problema do ruído e suas consequências e a história de um avião com problemas técnicos que se terá feito à Avenida da Liberdade durante a noite, só tendo evitado um acidente já nas últimas.
Entretanto, falam-me agora de um estudo que conduziria à perda de 50% do turismo que se dirige a Lisboa. Esta eu não engulo e aqueles que o invocam, a não serem completamente estúpidos, fazem um enorme esforço para não corarem quando a ele se referem.
Dou exemplos que toda a gente conhece.
Londres: Heathrow (24 Kms.) fica mesmo ao lado de Oxford Street, Gatwick (45 Kms.) termina no Soho.
Paris: Orly (14 Kms.) e Charles de Gaule (23 Kms.) ficam no prolongamento dos Campos Elísios - um para cada lado.
Madrid: Barajas (16 Kms.) desemboca nas Puertas del Sol.
Roma: Fiumicino fica tão dentro da cidade (36 Kms.) que cada vez que um avião aterra o Papa fica despenteado.
Bruxelas: National (13 Kms.) mais ou menos ao lado da praça medieval ( não me lembro do nome!)
Nova Iorque: J.F.K (36 Kms.) fica a dois paços de Times Square.
Rio de Janeiro: António Carlos Jobim (20 Kms.) bem dentro do Bota Fogo.
São Paulo: Guarulhos (32 Kms.) atravessa a Avenida Paulista.
Como se vê, tudo cidades que foram definhando e perdendo turistas por terem o aeroporto muito longe do centro.
Assim, com esta seriedade, se discutem as questões importantes na ditosa pátria nossa amada.
Sejam sinceros e digam que querem ir para o aeroporto de taxi, para não pagarem estacionamento, e demorarem um quartito de hora (na pior das hipóteses) a chegarem lá.
A mim é-me indiferente: até podem meter o aeroporto no ... pois!
Com a devida falta de respeito, para mim são otários a fazerem de nós parvos.
Um país que se perde em discussões sem nunca delas tirar qualquer consequência prática, capaz de arrastar inquèritos como o da morte de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa durante décadas, acha que isto ainda não está bem discutido.
Os espanhóis, enquanto nós pensavamos e debatiamos, traçaram e executaram o TGV.
Mas pronto, discutir sempre é mais barato que pensar. O pior é o futuro que se compromete por falta de iniciativas atempadas.
Porque é que não vi tantas discussões à volta dos estádios do nosso descontentamento?

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