sexta-feira, setembro 23, 2005

 

O meu silêncio

Não é apenas por falta de tempo que ando arredado das minhas escrevinhações.
O meu silêncio deve-se, acima de tudo, a desencanto e irritação.
Nestas fases, fico irónico, cínico mesmo. A raiar o ofensivo.
E o que me irrita é quase tudo. Por exemplo:
- Se os vários candidatos a Presidentes da Câmara envolvidos em processos judiciais vencerem as eleições, devemos todos pintar as trombas de preto (eu próprio já comprei uma lata). Eu sei que até condenação todos são presumivelmente inocentes. Mas são todos uns figurões indignos de estarem à frente dos destinos de uma entidade pública.
- Disse-o na altura em que estava para arrancar o Euro 2004: os autarcas de Coimbra são como as donas de casa badalhocas que só limpam quando têm visitas. Efectivamente, em Coimbra alindaram-se os acessos ao chupa impostos que dá pelo nome de estádio municipal, não fossem os estrangeiros verem a porcaria em que vivíamos. Algumas avenidas beneficiaram desta maquilhagem a 50%. Como vamos ter eleições, estão agora a acabar o resto.
- Irritam-me os Fitipaldis suburbanos que passam nas avenidas a velocidades próprias das vias rápidas, à hora a que os miúdos as atravessam para irem para a escola. Só me resta uma consolação: o barulho de chapa a bater antes das passadeiras.
- Irritam-me os tipos que vão sempre na faixa da esquerda nas auto-estradas.
- O Marques Mendes faz-me pele de galinha quando fala como se nunca tivesse estado no poder, como se nunca tivesse sido ministro.
- Fico angustiado por não surgir uma manhã de nevoeiro para Cavaco Silva anunciar a sua candidatura. Mal sabe o pessoal que com um economicista na presidência o actual caminho se vai acentuar.
- Embora compreenda o problema psicológico que as alterações estão a provocar, não entendo como é que alguém pode vir para a rua exigir a manutenção de situações de privilégio em relação à restante população. Ainda nenhum dos visados me conseguiu explicar em que é que é mais português do que qualquer funcionário do sector privado que só se pode reformar aos 65 anos.
- Se o Estado não subsidia postos de trabalho nas empresas, porque é que hei-de subsidiar com os meus impostos aqueles que trabalham em institutos e organismos duplicados ou absolutamente inúteis?
- Fico espantado que as pessoas não tenham ainda entendido que em Portugal se vive muito acima das possibilidades reais da economia. Que a culpa é dos sucessivos governos que foram gerando na população a ilusão de estarmos numa economia de sucesso, não tenho dúvidas, mas também todos sabemos que não se pode acreditar em tudo o que nos dizem.
- Tenho cada vez mais a certeza de que a culpa disto não é exclusivamente do governo x ou y: é também um pouco de cada um de nós.
Alongar-me mais em relação a cada um destes temas seria entrar pelo politicamente incorrecto e passar a ser ofensivo para muita gente.
Já agora: não vou votar nas autárquicas, porque, em Coimbra, o candidato do Psd (actual presidente) é um frouxo sem ideias e porque o do PS já demonstrou a sua incapacidade nos diversos cargos que ocupou. As ideias dos outros não me agradam e considero-as impraticáveis.

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