quinta-feira, setembro 08, 2005
A minha alternativa
Foi hoje aprovado o novo quadro sobre remunerações dos gestores públicos, limitando muitas das suas regalias e privilégios.
Não sou gestor de uma empresa pública e nunca hei-de ser, mas as críticas da Cgtp ao facto de não se ter estabelecido um tecto para os salários dos gestores, motivou-me a apresentar a minha proposta que, por certo, agradará àquela central sindical.
Para tornar o meu raciocínio mais nítido, vamos tomar como exemplo o mundo do futebol e vamos imaginar que queremos criar uma equipa de raiz.
O primeiro passo a dar, para obtermos uma equipa de sucesso, é contratarmos bons profissionais. Estes profissionais têm um preço aferido pelo seu desempenho e, assim, se os queremos bons, temos que lhes pagar pelos valores de mercado. De nada nos servirá acenarmos-lhes com o amor à camisola se o clube do lado lhes acena com ordenados avultados.
Assim sendo, na falta de orçamento capaz, teremos de ir para valores mais consentâneos com as finanças do clube e contratamos jogadores baratos sem provas dadas. Os resultados serão coincidentes e, por maior que seja o empenho, aparecer no meio da tabela já será uma vitória, ainda que moral.
Sempre achei que a administração da Tap deveria ser demitida, como foi intenção do governo de Durão Barroso, para a substituir por um conjunto de comissários políticos mais baratos. Ao contrário do exemplar trabalho desta administração, já teriam mandado a Tap à falência. Mas eram baratos e calariam a gloriosa inveja nacional, sempre emparelhada com a mediocridade de quem nada de relevante consegue fazer.
Ficaríamos sem a transportadora nacional, teríamos dado emprego a meia dúzia de inúteis nacionais e berraríamos aos quatro ventos que o Estado é mau gestor, enfim, ficaríamos felizes por darmos concretização ao nosso mais profundo pessimismo.
Por tudo isto, após longa discussão aqui no bordel, ouvidas que foram as competentes meretrizes, proponho:
- Que seja requisito essencial, para desempenhar o cargo de gestor público, nunca ter exercido qualquer actividade na área da gestão ou, condição preferencial, que tenha mandado à falência pelo menos uma empresazita (o número de falências aqui é factor de relevo);
- Que o candidato não ultrapasse em habilitações o 12º ano, sendo dada preferência aos provenientes da área de desporto ou das humanísticas.
- Que o vencimento seja o correspondente ao salário mínimo nacional, contratado a termo por um período de seis meses, eventualmente renovável se os resultados forem verdadeiramente maus.
- Que tenha mais de 35 anos e se encontre à procura do 1º emprego.
- Que seja capaz de escrever o próprio nome sem erros.
Será condição essencial para a admissão, a realização de testes nos quais fique inequivocamente demonstrado que desconhece em absoluto a diferença entre débito e crédito, que pense que mercado é apenas um sítio onde se vendem hortaliças, que downsising é baixar as cuecas da vizinha do lado, que utilize por sistema palavras do tipo vestoria ou expressões como controlar a rotunda.
Espero que, deste modo, a central sindical e todos aqueles que consideram que se conseguem fazer filhós com água (estou hoje muito regionalista) fiquem felizes, seguindo o lema: de vitória em vitória até à derrota final.
Não sou gestor de uma empresa pública e nunca hei-de ser, mas as críticas da Cgtp ao facto de não se ter estabelecido um tecto para os salários dos gestores, motivou-me a apresentar a minha proposta que, por certo, agradará àquela central sindical.
Para tornar o meu raciocínio mais nítido, vamos tomar como exemplo o mundo do futebol e vamos imaginar que queremos criar uma equipa de raiz.
O primeiro passo a dar, para obtermos uma equipa de sucesso, é contratarmos bons profissionais. Estes profissionais têm um preço aferido pelo seu desempenho e, assim, se os queremos bons, temos que lhes pagar pelos valores de mercado. De nada nos servirá acenarmos-lhes com o amor à camisola se o clube do lado lhes acena com ordenados avultados.
Assim sendo, na falta de orçamento capaz, teremos de ir para valores mais consentâneos com as finanças do clube e contratamos jogadores baratos sem provas dadas. Os resultados serão coincidentes e, por maior que seja o empenho, aparecer no meio da tabela já será uma vitória, ainda que moral.
Sempre achei que a administração da Tap deveria ser demitida, como foi intenção do governo de Durão Barroso, para a substituir por um conjunto de comissários políticos mais baratos. Ao contrário do exemplar trabalho desta administração, já teriam mandado a Tap à falência. Mas eram baratos e calariam a gloriosa inveja nacional, sempre emparelhada com a mediocridade de quem nada de relevante consegue fazer.
Ficaríamos sem a transportadora nacional, teríamos dado emprego a meia dúzia de inúteis nacionais e berraríamos aos quatro ventos que o Estado é mau gestor, enfim, ficaríamos felizes por darmos concretização ao nosso mais profundo pessimismo.
Por tudo isto, após longa discussão aqui no bordel, ouvidas que foram as competentes meretrizes, proponho:
- Que seja requisito essencial, para desempenhar o cargo de gestor público, nunca ter exercido qualquer actividade na área da gestão ou, condição preferencial, que tenha mandado à falência pelo menos uma empresazita (o número de falências aqui é factor de relevo);
- Que o candidato não ultrapasse em habilitações o 12º ano, sendo dada preferência aos provenientes da área de desporto ou das humanísticas.
- Que o vencimento seja o correspondente ao salário mínimo nacional, contratado a termo por um período de seis meses, eventualmente renovável se os resultados forem verdadeiramente maus.
- Que tenha mais de 35 anos e se encontre à procura do 1º emprego.
- Que seja capaz de escrever o próprio nome sem erros.
Será condição essencial para a admissão, a realização de testes nos quais fique inequivocamente demonstrado que desconhece em absoluto a diferença entre débito e crédito, que pense que mercado é apenas um sítio onde se vendem hortaliças, que downsising é baixar as cuecas da vizinha do lado, que utilize por sistema palavras do tipo vestoria ou expressões como controlar a rotunda.
Espero que, deste modo, a central sindical e todos aqueles que consideram que se conseguem fazer filhós com água (estou hoje muito regionalista) fiquem felizes, seguindo o lema: de vitória em vitória até à derrota final.