quarta-feira, junho 22, 2005

 

A gaiola das malucas (3ª parte)

Atenção: texto cínico.

As saudades que eu tenho de um governo simpático, bonzinho, dialogante!!!
Um governo que em vez de acabar com os serviços de saúde das polícias, criasse mais meia dúzia, acompanhados dos respectivos institutos gestores, ocupados necessariamente por incompetentes politicamente incapazes de qualquer tarefa que não seja malbaratarem a coisa pública.
Saudades atrozes, lancinantes mesmo, de um governo que componha o défice vendendo a mobília (ou o que resta dela), se necessário for vendendo o espaço aéreo.
Que tenha respeito pelos meus direitos adquiridos, sim, que estava a contar reformar-me dentro de seis anos e continuar a trabalhar acumulando as duas receitas – sim, que não sou político.
Saudades pungentes de um governo decente que dê subsídios aos empresários para investirem, porque só assim os países crescem: toda a gente sabe que os Estados Unidos são o que são porque receberam muitos subsídios da União Europeia, que a China está a crescer porque a UE manda para lá muitos subsídios ao investimento.
Um governo que baixe os impostos e aumente os ordenados de toda a função pública em, pelo menos, quinze por cento, para compensar as perdas passadas.
Que reduza as pensões dessa cambada de parasitas de setenta e oitenta anos, que andam para aí a fazer de conta que não conseguem trabalhar e que são doentes e que, ainda por cima, não arredam pé dos centros de saúde sempre a queixarem-se de maleitas inventadas para não fazerem um corno ou mesmo a ponta dele: uns malandros.
Eu quero um governo que entenda que o pessoal quer é ser feliz, que não o incomodem com essa coisa das contas, seja do défice seja do deficit (versão erudita).
E já que estou com a mão na massa, quero que os tipos da União Europeia que acham que a gente ainda tem que adoptar mais medidas restritivas na educação, saúde e segurança social vão para o raio que os parta, que mandem mas é o granel do costume porque a gente precisa de fazer mais umas auto-estradas, umas rotundas, uma formação profissional a fazer de conta (os representantes da Ferrari agradecem, bem como os agentes imobiliários no Algarve), umas reconversões industriais virtuais e o resto que tem sido habitual desde que financiam o nosso lazer.
Resumindo e concluindo: «a luta continua: Sócrates para a rua».
Sugestão governativa: não se podia vender o Alentejo aos holandeses? Aquilo está tudo seco e os tipos até precisam de espaço. Sempre variavam da humidade que a terra deles tem. A mim faz-me um reumático que nem imaginam…
E depois, sempre vivíamos mais uns anos em sossego: o pessoal podia continuar a ter três telemóveis, um dolby surround, um carro todo tuning e ir comer fora aos fins-de-semana, enquanto se discutiam os problemas candentes do futebol nacional, esses sim decisivos e incontornáveis.

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