quarta-feira, maio 11, 2005

 

Tráfico de influências? Credo!!!

Esta notícia dos moços pretensamente envolvidos em tráfico de influências é preocupante.
Não pelo crime em si, mas pelo risco que se corre se as investigações forem muito fundo.
Do cidadão comum aos mais altos responsáveis, quem é que nunca meteu uma cunha, quem nunca pediu um agilizar de uma decisão, um jeitito?
Todos sabemos que vivemos no país da cunha: “quem não tem padrinhos morre mouro”!
Não é desejável, mas é a realidade. Serão precisos anos de mudança de mentalidades e uma justiça implacável para podermos entrar no universo da legalidade e da democraticidade.
Mas nesta história, a confirmar-se a acusação, temos alguns aspectos de análise interessante.
Desde logo o facto de estarem envolvidas figuras de proa do CDS/PP. Então não era este o partido que, pela voz de Paulo Portas, era o supra da moralidade, da competência, etc. e tal?
Depois, este ex-ministro de seu nome Nobre Guedes, parece ser um especialista em golpes de rins, em manobras apertadas de gincana para contornar a lei, para atingir objectivos ilegais. Desde a história da casita na Serra da Arrábida que se sabia que o homem é um habilidoso, convencido que vivemos num país de impunidade (cada vez menos, felizmente).
Finalmente porque o Estado, que é o conjunto de todos nós, já saiu prejudicado com esta história toda. Face à impossibilidade de alienação do património público, a Companhia das Lezírias – que é do Estado (nossa) – entregou terrenos para participação numa empresa de investimentos imobiliários. Mais tarde vendeu as acções assim obtidas, por preço inferior ao valor inicial, ao principal accionista da tal empresa imobiliária. Ficaram assim os terrenos no domínio privado sem que, em teoria, tivessem sido vendidos.
Só faltava a autorização para que a enorme mancha de sobreiros aí existentes fosse eliminada. A autorização surgiu assinada por três ministros do anterior governo alguns dias após as eleições.
O actual governo paralisou todo o processo anulando essa decisão.
Conclusões:
1. Não me parece que estas decisões macacas tenham sido tomadas sem contrapartidas.
2. Se investigações deste tipo se tornarem moda, ainda nos arriscamos a ter de criar uma prisão bem grande só para meter todos aqueles que, das autarquias aos governos e Assembleia da República estejam envolvidos em maior ou menor escala em tráfico de influências.
Post-scriptum: porque é que o CDS/PP nunca se preocupou com a violação do segredo de justiça quando eram os membros dos outros partidos a estarem em causa?

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