domingo, fevereiro 06, 2005

 

Votem, pela vossa rica saúde...

Ouve-se dizer com demasiada frequência que não se vai votar ou que se vota em branco ou ainda que se vota mas se escrevem umas bacoradas no boletim de voto, o que torna o voto nulo.
Por maior que seja o descontentamento quer com a situação do país quer com o comportamento dos partidos, não aceito nenhuma das posições referidas.
As razões parecem-me óbvias.
1 - Quem não vota, numa democracia representativa como a nossa, abdica de um dos raros momentos de participação política que tem ao seu dispor.
2 – Passa um cheque em branco àqueles que votam para, em seu nome, decidirem quem e como deve governar.
3 – O argumento de que os políticos são todos iguais, não colhe: ninguém em seu perfeito juízo poderá dizer que Sócrates é tão agarotado, trapalhão e demagogo como Santana.
4 – O descontentamento com a classe política reside basicamente naqueles que se posicionam na esquerda e centro esquerda, logo, a abstenção e o voto em branco favorecem a direita e o centro direita, o que, na prática, é o mesmo que indirectamente votar em Portas e Santana.
5 – Dizer-se que o PS não demonstrou aptidões para governar bem, é esquecer que o PS nunca teve uma maioria absoluta, nunca teve liberdade total para aplicar as suas políticas. Ao contrário, o governo que agora sai teve três anos de maioria e, para além das trapalhadas que lhe são conhecidas, não conseguiu o único objectivo que tinha: controlar o défice. Mas conseguiu destruir a economia.
6 – Seja qual for o Partido que ganhe as eleições, deve ganhar com maioria: só assim se pode exigir responsabilidades, sem desculpas com o bloqueio das oposições, castigando-o no fim do mandato.
7 – É imprescindível que o PSD saia fortemente punido nestas eleições: só assim se poderá motivar a discussão interna capaz de recriar um PSD normal e sensato, imprescindível ao equilíbrio de forças na política nacional.
Votem em quem vos apetecer, mas votem.
Não votar significará, muito provavelmente, continuar a adiar as medidas indispensáveis a uma condição de país normal.
Quem não vota, perde legitimidade moral para criticar as opções governativas.

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