sexta-feira, janeiro 28, 2005

 

Atentado à livre economia

O Ministério da Educação tem um estudo que aponta para a adopção de manuais escolares com uma vida útil de seis anos, em vez do sistema actual que se traduz na mudança anual de manuais.
Está mal. Ninguém pode em seu perfeito juízo concordar com esta medida.
Desde logo porque isso se traduz num prejuízo grave para editores, livreiros e autores dos manuais, numa economia que, como se sabe, se quer aberta à livre concorrência e iniciativa.
Em segundo lugar, porque isso teria como consequência que as famílias que têm mais que um filho em idade escolar iriam encatrafiar o dinheiro assim poupado nos colchões de suas casas, impedindo a livre circulação do capital.
Em terceiro lugar, porque as nossas crianças e jovens estariam a aprender matérias retardadas, azedas mesmo, visto que toda a gente sabe que a Matemática muda todos os anos. Por exemplo, todos sabemos que as divisões já não são o que eram e uma equação, nos dias que correm, quando devidamente actualizada, tem um cunho muito mais tecnológico, audiovisual mesmo, do que há dez anos atrás.
A História é outro exemplo: qualquer analfabeto sabe que a história da Roma Antiga, dos Fenícios, de D. Afonso Henriques ou dos Descobrimentos, são coisas que mudam todos os anos, ao ponto de eu achar que nos tempos que correm D. Afonso Henriques já não é o que era.
As línguas são outro exemplo: basta ver as notícias que passam em rodapé nas televisões, para verificar que as regras gramaticais estão em constante mutação e, por isso, têm de ser adaptadas ao pessoal que quer bué de muito, para ontem e, de preferência, já feito.
Posto isto, considero que manter manuais escolares durante um ano lectivo inteiro já é uma medida bloqueadora da actualização científica e da expansão económica, pelo que proponho que os manuais tenham apenas a validade de um trimestre, ou sejam – e isto seria a medida ideal – publicados sob a forma de fascículos actualizados mensalmente.
Não aceitem estas propostas e depois venham queixar-se que a economia não cresce e que o PIB não sei quê.
Pergunta idiota: quem terá sido a besta que introduziu esta coisa da mudança anual de manuais escolares?

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