terça-feira, novembro 30, 2004

 

O mau exemplo

À semelhança de outros princípios, o bom exemplo caiu em desuso. Necessariamente, o mau exemplo também.
Os exemplos de hoje, bons ou maus, vêm de ídolos audiovisualmente criados.
Mas, o facto de terem caído em desuso, não significa que não tenham a influência que sempre tiveram.
Vem isto a propósito do que se passa a nível governativo e que a minha Avó, se fosse viva, classificaria de pouca vergonha.
O comportamento do governo, no seu conjunto, começando pelo Primeiro Ministro e ministro da Defesa e passando pelos ministros “agentes políticos”, é demasiado informal e errático, não inspira respeito nem confiança aos portugueses.
O exemplo de laxismo, de porreirismo, de improviso, de habilidades malabaristas, está a transmitir-se ao quotidiano dos cidadãos e das instituições.
Veja-se o exemplo da negligência policial no primeiro dia de julgamento do caso Casa Pia, ou mesmo da falta de ponderação do arranque do julgamento num espaço que, manifestamente, não tem condições suficientes.
Quando soam notícias de funcionários do SEF a quem não pagam as horas extraordinárias a que têm direito há dois anos e os advogados ameaçam entrar em greve por falta de pagamento dos honorários, continuamos no domínio dos maus exemplos.
O cidadão sente-se legitimado no seu comportamento, pelo exemplo que vem de cima.
Se o caso de Timor uniu os portugueses e os tornou mais simpáticos, ainda que momentaneamente, as diatribes deste governo e as críticas dos seus pares ideológicos estão a conduzir a um sentimento colectivo de irresponsabilidade e degradação.
Esta maioria está a prestar um mau serviço ao país: desde o Prec que não se via uma trapalhada assim.

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