segunda-feira, janeiro 30, 2006

 

Isto só neste país!!!

Esta frase serve para iniciar e terminar conversas, tendo-se tornado quase um ritual simultaneamente auto punitivo e desculpabilizador das nossas insuficiências pessoais e colectivas.
Vem isto ao caso devido a duas notícias.
A primeira, refere uma aldeia com dezasseis habitantes que não tem electricidade porque a empresa distribuidora considera que não é rentável levar até lá os cabos. Temperatura nas casas de banho: onze graus negativos.
A segunda, fala-nos de um idoso com perturbações mentais que desaparece sem deixar rasto. Passados seis meses, aparece um corpo naturalmente em adiantado estado de decomposição. A família do desaparecido identifica o corpo através da roupa e objectos pessoais. As entidades respectivas demoram mais de um ano a entregar o corpo.
Isto só neste país…
Mas o país onde estas coisas aconteceram é a nossa vizinha Espanha!!!
Já agora: a Espanha, cujos horizontes ambicionamos, ainda tem vinte por cento de desempregados?

sexta-feira, janeiro 27, 2006

 

A anedota do ano

E u sei que ainda o ano é uma criança e que estar já a atribuir o prémio é arriscado, mas não andarei muito errado se disser que a anunciada intenção dos magistrados judiciais de accionarem judicialmente o Estado português, tem um cunho altamente anedótico, dificilmente ultrapassável.
É que fica uma questão no ar, que consiste em saber quem vai julgar o processo.
Um juiz português não pode ser porque é parte interessada.
Sugiro que se importe um ucraniano para esse efeito.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

 

Louçã e os chineses

Já nas últimas eleições vaticinei mau futuro para a tendência de Louçã para a demagogia barata quando entra em desespero de causa.
Louçã esquece que a sua base de apoio é maioritariamente constituída pela elite intelectual citadina e, por isso, o campo da demagogia só lhe pode dar mau resultado.
Dizer que não devemos vender armas aos chineses, numa altura em que necessitamos de vender desesperadamente o pouco que produzimos, toca as raias do desvario.
Dr. Louçã: é capaz de me garantir que as cuecas que usa neste momento não foram fabricadas na China? Ou a camisa? Ou o telemóvel?
Podemos importar. Pelos vistos, a violação dos direitos humanos só nos impede de exportar.
Mau caminho, como demonstram os resultados eleitorais!

 

Venceu o silêncio

Que o silêncio é de ouro já por cá se sabia. Que dava vitórias eleitorais, é novidade!
Diga-se, em abono da verdade, que a estratégia de Cavaco foi bem montada, atestando um enorme profissionalismo quer do candidato quer de quem o apoiou de perto. Valha-nos isso, que dá sempre gosto ver um trabalho bem feito.
Não, este texto não será choro de carpideira nem ode de convertido.
Antes tentativa de antecipação dos dias vindouros.
No meio disto tudo, fica-me algum consolo. Quase que diria que, não fossem as suas ideias, contra as quais já aqui me manifestei, e estaríamos perante a vingança dos párias.
Cavaco fez-se a si próprio. Chegar à posição universitária que atingiu sem ser filho de Prof., sem um nome sonante que o ligue à classe dominante do anterior regime ou da grande burguesia, seria por si só um feito assinalável.
Ir ao congresso da Figueira fazer a rodagem do BX – sim, um Citroën, nem sequer era um carro alemão desses com carisma – e sair de lá com a liderança do partido, ascendendo por essa via à governação, é uma conquista digna de nota.
Agora chega ao mais alto cargo da nação, ganhando pessoalmente as eleições.
A sua origem social nunca lhe será perdoada pelos bem nascidos. Veja-se a atitude de Marcelo Rebelo de Sousa, filho de um alto dignitário do tempo da outra senhora. Para eles será sempre um outsider que terão de engolir e que, ainda por cima, se chama Silva.
Ora depois deste relambório, inspirado no velho princípio de que não há acidente nenhum, por mais desastroso que seja, do qual um homem inteligente não possa tirar proveito, vamos então às consequências.
A mais relevante, na área que me interessa, prende-se com a incapacidade que o Psd vai enfrentar de fazer oposição demagógica ao governo. De facto, o chefe da oposição passou a ser Cavaco e o seu silêncio cúmplice está garantido pelas razões que explanei no final do penúltimo post. Marque Mendes ganhará em se remeter também ao silêncio, adoptando uma atitude, ainda que hipócrita, de colaboração com o governo.
Quem futuramente ganhará com este bloco central é Jerónimo de Sousa. Figura nitidamente popular, poderá continuar a acrescentar votos ao crescendo que tem vindo a manifestar, endurecendo a luta nas ruas e no parlamento.
Louçã que se cuide...

sexta-feira, janeiro 20, 2006

 

Descanse em paz

Devagarinho, muito devagarinho, fomos matando os sonhos daquilo que poderia ser um Portugal diferente.
Diferente do que era até 1974, mas também diferente dos outros.
Parece que, então, tínhamos um atraso de trinta anos em relação aos países da Europa central. Parece, por isso, que teria sido fácil saber quais tinham sido os erros dos outros e não os repetir. Adoptar as boas receitas e beneficiar de serem os outros a desbravarem o terreno: era só seguir os trilhos.
Passados estes anos, descubro cada vez mais semelhanças entre o nosso país e aqueles que passaram por processos de colonização. Temos uma classe dominante. Não, não são os políticos, são aqueles que se aproveitam da sua corruptibilidade, da sua passividade e omissão de medidas concretas, para enriquecerem à custa de um sistema que padece de idiotia.
É nesta estrutura social tipo pós-colonialista, que radica o fosso que se acentua entre ricos e pobres, numa paisagem social cada vez mais tipo América latina.
Tudo isto é o produto de políticos que actuam no sentido da conservação do tacho, não vá acontecer que tenham de arranjar emprego, mas também de uma classe política pouco ilustrada, portadora de miopia intelectual e vivencial para quem o mundo se confina a Lisboa e ao Algarve.
E, em consequência, governaram para as eleições, sem projectos a longo prazo, sem honestidade perante quem neles depositou a sua vida e o seu futuro e, no limite, lhes paga os ordenados.
Juntemos a isto a ganância e oportunismo apadrinhados pelo sistema, um edifício fiscal comummente conhecido por obrigar a pagar apenas aqueles que têm menos e teremos o caldeirão que nos conduziu ao que somos.
Vamos agora passar a ter um Presidente da República sem preocupações políticas, sem uma sólida noção do que seja a verticalidade nacional, que alardeava a sua qualidade de bom aluno da então CEE, quando liquidava a agricultura portuguesa a troco de seiscentos milhões de contos, alienava o nosso direito no campo das pescas entregando-o aos espanhóis e em simultâneo distribuía subsídios para arrancar oliveiras, depois para as plantar outra vez, engordando empresários e industriais que faziam falsas formações e actuando sobre eles com um controle financeiro da aplicação dos fundos e não da sua eficiência no campo dos resultados.
Poderíamos ter sido relativamente originais, criando solidamente riqueza para depois a podermos distribuir, em vez de andarmos a distribuir lucros futuros de duvidosa existência.
Em Inglaterra e em França mantém-se os pequenos produtores no campo agrícola e pecuário. Não são grandes empresas como aquela inaugurada por Cavaco em Grândola, cujo investidor acabou por fugir com os subsídios e dívidas à CGD, são pessoas que através de pequenas explorações criam produtos de alta qualidade, em pequena escala e assim mantêm a sua independência evitando situações de pobreza ou recurso à segurança social.
Mas não, Cavaco quis tudo em grande, tudo estilo América, como agora: diz querer transformar Portugal numa Califórnia!!!
O ideal de Cavaco não são os países nórdicos, é a América de Bush, da selvajaria económica.
Como qualquer bom patego que se preze, imitamos aqueles que nos deslumbram, não pelas virtudes mas pelo aparato.
Domingo, a oportunidade de sermos um país diferente pela positiva vai morrer mais um bocadinho, até mais não sermos do que uma imitação barata, reles como são todas as imitações, de uma América de pelintras, convencidos que a riqueza sólida está no aspecto e não no conteúdo.
Ide, votai em Cavaco, que eu sou dos que beneficiarei com isso, mas tenho a consciência de que essa não é a melhor receita para os portugueses.
Por mim, ainda dormirei sobre o assunto: no fundo, ainda faltam duas noites…

terça-feira, janeiro 17, 2006

 

O Zé Povinho passou-se

Como já disse, não tenho candidato nestas eleições. Não há um que me encha as medidas (é um problema das minhas medidas e não do elevado mérito de tão distintas criaturas).
Seja como for, a minha falta de empenhamento eleitoral não me impede de ficar embasbacado perante as sondagens e as bocas que se mandam, designadamente nos fóruns da TSF.
Face ao panorama, só posso concluir que os Zés portugas se passaram da cabeça.
Então queixam-se que o governo tem práticas de direita, que é liberal e votam num tipo de direita e liberal para meter o governo na ordem?
Vou dar de barato essa das práticas liberais do governo de Sócrates. Se assim é, então teremos Cavaco e Sócrates a dançarem alegremente e enlevados a valsa do liberalismo versão séc. XXI.
Embora eu reconheça que não existe à esquerda uma alternativa de peso a Cavaco, espanta-me que o mesmo povo que recusou Cavaco há dez anos, pelas razões conhecidas, agora o escolha pelas razões esquecidas.
Vamos a exemplos.
- Se um qualquer secretário de estado deste governo, uma qualquer eminência parda, decidir fazer censura a um escritor (aliás posteriormente agraciado com o prémio Nobel) qual será a posição de Cavaco? A mesma que teve na altura? Isto é: nada?
- Se este governo reprimir com uso excessivo da força uma qualquer manifestação popular, manterá o silêncio de então face a acontecimentos como os da Marinha Grande?
- E se voltarmos a ter os abusos policiais intoleráveis mesmo numa ditadura, considerará, como fez, que era tudo no exercício das suas funções?
- E se este governo privilegiar o transporte individual em detrimento do transporte colectivo, num erro estratégico que estamos e iremos pagar? Dará o dito por não dito e repreenderá o governo?
- Admitamos que, antes das próximas eleições legislativas, este governo pagava vultuosas quantias aos empreiteiros para acabarem as obras a tempo de serem inauguradas em campanha, gritaria aos críticos: deixem-nos trabalhar?
- E imaginemos que, num delírio súbito, Tribunal de Contas e Tribunal Constitucional começavam a cortar as vasas a este governo. Diria publicamente estarmos perante decisões de forças de bloqueio?
Aos apoiantes deste governo resta uma consolação: Cavaco Silva não tem moral (embora possa ter o descaramento) para criticar qualquer actuação deste governo. Se fosse primeiro-ministro faria exactamente o mesmo. Com uma diferença: não existiria rede de apoio social.
Ridículo dos ridículos: vamos pela primeira vez na história de Portugal eleger um ministro das Finanças que, por um golpe palaciano, por acaso, vai ocupar o lugar de Presidente da República.
Ou será que as pessoas vão votar em Cavaco para ele exercer um poder que constitucionalmente não tem?
Quer os seus eleitores queiram quer não, o sucesso de Cavaco como presidente vai depender do sucesso de Sócrates como primeiro-ministro. Se este falhar, Cavaco não será reeleito. Se tiver sucesso, Cavaco chamará a si os louros do resultado.
Triste país que tem a sorte que escolhe...

segunda-feira, janeiro 16, 2006

 

Porque a vida não é só política...

“Quero fazer o elogio do amor puro.
Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática.
O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, banalidades, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir.A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.”
De Miguel Esteves Cardoso (in Expresso, Fri, 16 Sep 2005)

sexta-feira, janeiro 13, 2006

 

Eu escuto, tu escutas, ele escuta... nós somos escutados

Pronto!!! Está o problema resolvido... Vamos ter um inquérito que terá dez anos para apurar responsabilidades. No final dessa tarefa árdua e dedicada, ficaremos a saber que a culpa foi do sistema ou de um erro informático ou, em última análise, da imperfeição humana que o deus criador incutiu em todos nós (uns mais que outros, que ainda agora passei por uma ruiva que não parecia padecer de qualquer imperfeição).
Senhor Procurador Geral: por muito menos, eu, que tenho alguma vergonha na cara, já me tinha demitido.
Não que o Senhor tenha culpa, que provavelmente nem tem, mas porque tem sobre si a responsabilidade de controlar, de garantir o cumprimento da Constituição da República, como titular do orgão de soberania designado por Poder Judicial.
Dizem algumas vozes maviosas (não, não troquei o F por um V) que não houve propriamente escutas, que é só uma relação de chamadas telefónicas.
Oh iluminados retorcedores da verdade: averiguar quem liga para quem, independentemente de se saber o que se diz, já é uma violação do direito à reserva da vida íntima!
Poderão assim ter ficado a saber que o Presidente de qualquer coisa telefonou para o Elefante Branco, ou que a mulher do Engenheiro não sei quantos liga frequentemente para um certo psiquiatra e que o casal X contacta frequentemente com um outro casal referenciado por pertencer a um círculo de swing.
Como se vê, tudo matérias relevantes para a averiguação do caso Casa Pia.
E ainda não querem que eu diga, desde o princípio, que muita coisa neste caso me cheira a esturro?

quarta-feira, janeiro 11, 2006

 

Esclarecimento eleitoral

Pergunta-me um leitor habitual, se não há uma candidatura de alguma das cachopas aqui do bordel.
Eu bem tentei, bem as aliciei com jantaradas, viagens ao estrangeiro, vedetas e VIPS a rodearem-nas em permanência. Mas nada...
Depois de ouvirem a apresentação da candidatura de Cavaco Silva, não se consideraram suficientemente putas para concorrerem com ele.
É que, não teriam descaramento capaz de branquear o passado, e o rubor das máculas ainda frescas na memória, apesar do decurso do tempo, trairia as contradições.
Há putas e putas...
Portanto, meus caros amigos, terão de votar nas putas do costume!!!

segunda-feira, janeiro 09, 2006

 

As minhas raízes remotas: Idanha-a-Velha.

 

Portugal/Espanha em números

Fonte: Institutos Nacionais de Estatísticas dos dois países.

Nº de automóveis por 1000 hab.
Portugal - 558
Espanha – 460

Telefones móveis por 100 hab.
Portugal – 96
Espanha – 90

Consumo de vinho (litros/hab.)
Portugal – 47
Espanha – 34

Consumo de leite (litros/hab.)
Portugal – 91
Espanha – 108

Produtividade aparente na Indústria Transformadora
(1.000 € por empregado)
Portugal – 20,0
Espanha – 41,5

PIB per capita (1.000 €)
Portugal – 12,5
Espanha – 18,6

Custo do trabalho mensal – em 2003 (inclui salários)
Portugal – 1.343 €
Espanha – 2.017€

Empregados estrangeiros no total do emprego
Portugal – 2,2%
Espanha – 7,8%

Despesas em telecomunicações (% PIB)
Portugal – 5,1
Espanha – 3,4

Despesas totais em protecção social (%PIB)
Portugal – 25,4
Espanha – 20,2

Despesa pública em educação (%PIB) em 2002
Portugal – 5,8

Espanha – 4,4

quinta-feira, janeiro 05, 2006

 

Intervenção de sucesso

Os cento e cinquenta mortos em atentados verificados hoje por todo o Iraque, levam-me a concluir que é difícil imaginar uma intervenção estrangeira com melhores resultados na efectivação da democracia.
Tudo o que tem que ver com esta acção ocidental começou mal, com mentiras conscientemente divulgadas, e está a aproximar-se de um epílogo nada promissor.
Os palhaços que então acusaram de antiamericanismo primário os que se opunham à intervenção pelos motivos alegados, têm-se remetido a um silêncio que só não é envergonhado porque não foram abençoados por esse traço de personalidade e que também não lhes servirá de lição porque, ao primeiro assomo de actuação “democrática” do grande império, surgirão de novo na defesa do costume.
Parecem adolescentes suspirosas pelo seu ídolo…

 

Foto de Justin Akard
Para que não pensem que gastei o cinismo todo em 2005.
Bom Dia

quarta-feira, janeiro 04, 2006

 

O tal secretário de estado contra a deslocalização de empresas em plena fixação de um grampo.

 

O meu manifesto - episódio 1

Pela primeira vez na vida não tenho um candidato à Presidência nem faço campanha. Que isto fique bem explícito para que não se leiam segundas intenções nas minhas palavras.
A razão é simples e parece-me comum a uma boa parte dos portugueses.
Desde logo, porque não surgiu um peso pesado na esquerda, com uma atitude nova, capaz de conjugar em simultâneo a defesa do social com as realidades do momento que vivemos.
Os candidatos da esquerda, no meu entender, podem arrumar-se do seguinte modo.
Louçã e Jerónimo surgem como agentes de consolidação partidária, aproveitando o tempo de antena quer para fazerem passar a sua mensagem (o que já não é pouco) quer para consolidarem o apoio eleitoral.
Soares e Alegre são uma espécie de cavaleiros andantes, estilo D. Quixote lusitano, perdidos no tempo, esquecidos da necessidade urgente de adaptar a esquerda a uma nova linguagem e a um enquadramento contemporâneo. Prometem mais do mesmo e, ainda que esse mesmo possa, em teoria, ser bom, na prática deu os resultados que estão à vista.
Resta Cavaco Silva como representante da direita, procurando disfarçar esse perfilamento com um discurso acético, feito por medida a partir de um estudo de mercado.
Só votaria Cavaco Silva se este estivesse em confronto, por exemplo, com Paulo Portas.
Mas porque não votar Cavaco, se ele até se apresenta como o defensor dos desempregados, estimulador (a pilhas?) do desenvolvimento, grande educador da classe governativa?
Porque tenho do Presidente da República uma ideia, corroborada pela Constituição, de uma figura que é o garante da democraticidade da vida nacional, da legalidade democrática dos actos do Estado e seus agentes, mas também de alguém com genuínas preocupações sociais, com uma perspectiva europeia e não uma visão americanizada do modelo de sociedade.
Não reconheço em Cavaco essas qualidades. O seu comportamento passado não permite entrevê-las.
Qual será a atitude de Cavaco se um qualquer governo entrar por episódios como os da Ponte 25 de Abril do seu tempo, ou da Marinha Grande? Como classificará os desmandos policiais de então, mais próximos de agentes da América latina ou dos antigos países de leste?
E se um governo decidir aplicar os fundos comunitários predominantemente no betão, esquecendo-se da formação das pessoas e dos equipamentos sociais?
Ou se esbanjar milhões em compensações para se acabarem obras à pressa em períodos eleitorais?
Só pode calar-se por não ter moral para criticar aos outros aquilo que foram os seus comportamentos.
Nesta perspectiva, é-me indiferente que Cavaco seja de direita ou de esquerda: o seu grande defeito, a sua grande incapacidade, é a falta de espírito democrático.
E ontem ficámos a saber que, para além de Aníbal Cavaco Silva, também se chama Guterres, pois afirma ter sido ele a lançar a construção do Alqueva.
Hoje, provavelmente, ficaremos a saber que o sol nasceu de manhã como fruto de um email da sua autoria.
(continua, porque matéria não falta)

terça-feira, janeiro 03, 2006

 

Cuidado com os desportos de Inverno!


 

A receita do sucesso

Quase me apetece dizer que, no meu tempo, não era nada disto.
Mas não é verdade, sempre existiram mentirosos.
A diferença está apenas na aceitação cúmplice da mentira.
Tempos houve em que a mentira era socialmente reprovada, como a desonestidade…
Hoje, quase se faz gala de ser aldrabão, trapaceiro ou mesmo vigarista. Mudam-lhes o nome e passam a ser habilidosos, desenrascados.
Inversamente, quem é frontal, sincero, cumpridor e faz jogo limpo, entrou para o clã dos otários, totós, tansos, etc.
E isto parece não ser apenas um fenómeno nacional, ainda que possa estar mais difundido cá na santa terrinha.
Vejamos: Bush mente ao povo americano sobre as armas no Iraque e ganha as eleições; na Inglaterra, idem. O mentiroso mor nacional de então, até ganha um lugar de líder europeu.
Bush afirma em directo que fez escutas ilegais, sim senhor, mas considera que o que é mesmo reprovável é denunciar esse facto publicamente. E ninguém lhe atira com um gato morto às trombas.
Por cá vamos ter um grande mentiroso na Presidência da República, um homem que teve uma ideia simples e óbvia (são as melhores na perspectiva do sucesso).
A receita é simples: faz-se o levantamento das grandes preocupações e descontentamentos do cidadão comum, sugere-se que com a sua eleição eles serão resolvidos, nunca se entra em pormenores concretos a não ser para sugerir disparates. Como aquela “sugestão”, aliás inverdade dos opositores, de um secretário de estado que, armado de pregos e martelo ou cola 3d, iria pelas empresas impedindo a sua deslocalização.
Como o homem é meio ignorante, mas não é burro de todo, sabe bem que está a mentir ao pessoal. O prémio será uma eleição à primeira volta, um mandato de silêncio para ser reeleito e uma recandidatura cheia de agora sim, desta vez não vou perdoar deslizes desses malandros todos, de qualquer cor, que ocupem o executivo…
Ganhará uma reforma consentânea, lugar no conselho de estado e terá consumado a sua vingança eleitoral.
Moral da história: mintam, caros leitores; sejam tortuosos nos vossos comportamentos; tratem das vossas vidinhas e passem por cima dos outros.
Não irão para o Céu, mas o sucesso aqui na terra é garantido.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

 

Alguém me informa...


... como é que contacto aqueles moços que dão umas bofetadas aos tipos que chegam ao aeroporto da Portela e parece gozarem de impunidade?
É que tenho aqui uma lista de tipos a quem me apetecia dar uns tabefes. Como tenho medo de ser preso, davam-me jeito aqueles moços simpáticos que não se inibem à frente das câmaras de televisão.

 

Adivinhem...

Qual é o país à beira da falência que tem quase tantos telemóveis como habitantes?
E mais automóveis do que a Espanha?
Em que se interrompem serviços noticiosos para transmitir em directo a contratação de jogadores por um clube (sempre o mesmo)?
Em que o arguido num processo só consegue saber pormenores da acusação através da comunicação social?
E se pedem empréstimos para ir passear (será com receita médica?)?
E em que o jornal mais lido é… desportivo?
Em que os candidatos ao poder fazem promessas desconhecendo a saúde dos cofres?
Em que um candidato presidencial faz promessas de actuação e intervenção que sabe não poder cumprir? (e vai ganhar as eleições)
Em que sindicatos e patronato se queixam de uma coisa e do seu contrário?
Em que quinze polícias atingem com doze tiros um tipo armado com uma faca? (uma dica: o tipo era negro)
Se respondeu a todas as questões Portugal, enganou-se. O caso dos polícias que temeram pela própria vida, não fosse a faca disparar-se, foi nos Estados Unidos.

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